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Evocação

Amália, Coração Independente: uma exposição para lembrar e sentir

Amália Rodrigues nasceu no Verão de 1920 e morreu em 6 de Outubro de 1999. Entre estas duas datas, deu-se o prodígio de uma vida que se fundiu com uma voz. A rapariga pobre e triste transformou-se numa mulher bela e elegante. E tornou-se uma artista de génio, uma diva de renome universal. Amália cantou a vida e a morte, amor e o ciúme, a terra e o céu, o barco e o mar, a alma e o corpo, a partida e a chegada, o encontro e a saudade, a esperança e o desespero. Ela achava que a vida é destino – fatum, fado.

Amália gostava de chorar e de rir. E gostava de acasos, coincidências e milagres. Com o seu nome universalmente inscrito, cantou nas salas de maior projecção, nos palcos de maior prestígio. Cantava com um encantamento e um enigma que lhe assombravam o rosto de uma beleza nocturna e lhe punham a cabeça em ângulo com o mundo. Mas regressava sempre a Portugal: sentia-se bem na casa da Rua de S. Bento ou na do Brejão. Gostava que gostassem dela, precisava de aplausos e de flores. Próxima das pessoas, havia nela o que de mais naturalmente aristocrático o povo pode ter.

No canto, no teatro, no cinema, na poesia, esta Callas do fado mostrava o génio trágico. A carreira memorável parece ter-lhe acontecido sem ela dar por isso. Mas, olhando-a do tempo, vemos que, afinal, há nela uma atenção, uma sabedoria, uma construção ainda que mais intuitivas do que intelectuais. Dos vestidos às jóias, das fotografias aos filmes, das palavras aos gestos, tudo nela concorria para erguer o mito. Ela sabia bem o que lhe convinha: escolhia as músicas e os poemas que cantava comum saber e um gosto infalíveis.

Amália foi uma das maiores cantoras do mundo. Fez-se voz audível de um Povo que nela se universalizou – heterónimo feminino de Portugal, lhe chamaram. Ícone, símbolo, mito, os artistas de várias artes a tornaram obra.

Em Amália, a voz é já imagem e a imagem é ainda voz. Ouvimo-la e vemo-la. Vemo-la e ouvimo-la. Memórias, objectos, documentos, testemunhos, registos sonoros e visuais, tudo o que nela existe representa-a: e torna-a presente. E aproxima-nos dela, ajudando a compreendê-la, a senti-la, a lembrá-la. E a celebrá-la.

Com um núcleo no Museu da Electricidade e outro no Museu Colecção Berardo, esta exposição, pensada a partir de um ponto de vista contemporâneo, mostra Amália como ela foi sendo – e como nós a fomos vendo ser. Desvenda-a, confirma-a. Mostra-a individual e colectiva, jovem e idosa, mulher e artista, encenada e espontânea, amada e caluniada, portuguesa e global. Mostra-a inseparável da sua aura, do seu mistério, do seu glamour, do seu fulgor.

Dividida em cinco partes, a mostra apresenta trajes, canções interpretadas em outros registos por Amália, uma colecção iconográfica, uma mostra de vestidos, jóias e acessórios da fadista. Joana Vasconcelos, Adriana Molder, Ana Rito, Francesco Vezzoli e Leonel Moura foram convidados a recriarem facetas da personalidade da fadista.

A exposição, organizada pelo Museu Berardo, em co-produção com a Fundação EDP – Museu da Electricidade, pode ser vista até 31 de Janeiro. A entrada nos dois núcleos é gratuita.

 

Outras evocações

Além desta exposição, o Panteão Nacional propõe uma visita às viagens de Amália por vários países e o alcance internacional da voz do fado, com vestidos, sapatos, objectos pessoais e cartazes de espectáculos.

Até Dezembro, o Museu do Fado, em Lisboa, evoca o legado da fadista com várias iniciativas. No ciclo “Memórias de Amália na Televisão”, serão exibidos programas televisivos protagonizados pela artista entre os anos de 1962 e 1973. O espaço acolherá igualmente a peça de teatro “Amália em Nova Iorque”, uma encenação de Miguel Abreu com interpretação de Maria José Pascoal. E continua patente a exposição “As Mãos que Trago”, dedicada ao compositor Alain Oulman (1928-1990) que, juntamente com Amália Rodrigues, protagonizou um dos mais marcantes momentos da história do fado, pontuado pelo encontro definitivo da poesia clássica e erudita com o universo fadista.

Ainda sobre Alain Oulman, o DocLisboa, que decorre entre 15 a 25 de Outubro, estreia “Com que voz”, documentário assinado pelo seu filho, Nicholas. O filme retrata a vida do luso-francês, desde o nascimento, em Cruz Quebrada, até à morte, em Paris, para onde foi exilado após perseguição política.

 

Vídeo da exposição

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Texto de apresentação da exposição: Museu Colecção Berardo/Fundação EDP
© SNPC | 20.07.10

Amália Rodrigues





























































 

 

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