A universidade Francisco de Vitoria, sediada em Madrid, organizou na quarta-feira um simpósio centrado no diálogo entre a Igreja e a arte contemporânea, iniciativa que contou com a intervenção do bispo português D. Carlos Azevedo, delegado do Pontifício Conselho da Cultura.
O projeto de investigação "Transcendência e espiritualidade na arte contemporânea" «analisa um novo cenário na arte contemporânea caracterizado pelo renovado interesse no que está relacionado com o transcendente por parte de alguns artistas», lê-se na página da universidade espanhola.
O comunicado sublinha também a «atitude dialogante de uma Igreja católica que convida - no contexto do denominado "Átrio dos Gentios" - a que artistas não crentes expressem a sua visão pessoal do espiritual, tal como se pôde ver no pavilhão do Vaticano na última Bienal de Veneza», com obras inspiradas no livro bíblico do Génesis.
O diretor académico dos cursos de Belas Artes e Desenho da instituição, Pablo López Raso, afirmou à agência de notícias Efe que «há química» entre a Igreja e os artistas não crentes, realçando a aspiração dos criadores em entrar em contacto com o mistério, impulso que se conjuga com uma Igreja que «busca artistas para expor».
O projeto "Transcendência e espiritualidade na arte contemporânea", que Pablo López dirige há quatro anos, observa duas atitudes recentes: por um lado, alguns artistas apresentam propostas com um claro componente existencial, ao mesmo tempo que a Igreja procura retomar a amizade com os artistas.
O objetivo do simpósio, que contou também com intervenções de uma historiadora de arte e uma criadora, foi averiguar se é possível que artistas com inquietações espirituais, mesmo que não sejam crentes, podem contribuir com as suas linguagens atuais para responder a uma esperança universal.
Com este diálogo, a universidade pretende pôr em contacto pessoas que possam realizar iniciativas concretas que impliquem a colaboração de artistas que buscadores de sentido e uma Igreja aberta a receber nos seus espaços projetos artísticos que inspirem as pessoas não crentes a colocar-se questões sobre o sentido da sua existência.
Agência Efe