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Semana Santa em Braga: Fé e cultura continuam a chamar crentes e não crentes

Semana Santa em Braga: Fé e cultura continuam a chamar crentes e não crentes

Imagem © Câmara Municipal de Braga

As principais procissões da Semana Santa em Braga e alguns dos cerimoniais do rito litúrgico bracarense estão hoje em destaque no semanário "Igreja viva", publicado pela arquidiocese.

«O imaginário da Paixão de Cristo, aplicado ao cenário histórico bracarense, foi capaz de se expressar de formas tão sublimes e perenes como os casos do Bom Jesus do Monte ou da igreja de Santa Cruz, no âmbito material, ou os cerimoniais que compõem a Semana Santa de Braga, quando nos referimos às manifestações imateriais», observa Rui Ferreira, doutorando em Estudos Culturais na Universidade do Minho.

A Comissão da Semana Santa, instituída pela primeira vez em 1933, funda-se «num conjunto de tradições constantes particularmente nos últimos três séculos», que expressam o «ímpeto presente no ideário coletivo que versa sobre a mais dramática e emotiva narração da mundividência judaico-cristã».

«As suas representações mais relevantes são efetivamente as procissões, autênticas recriações do cerimonial público cristão, com uma capacidade mobilizadora assinalável e cuja essência ultrapassa claramente os limites da crença devocional e se situa hoje num patamar turístico-cultural», considera o estudioso.

A par da procissão do Enterro do Senhor, uma das que se destaca é a do Senhor dos Passos, que reconstitui o caminho de Jesus desde o Pretório até ao Calvário, «cumprindo o itinerário dos Passos (calvários) espalhados no centro histórico».



«Uma das manifestações mais significativas» é a procissão do Senhor “Ecce Homo”, que sai às ruas na noite de Quinta-feira Santa, evocando o julgamento de Jesus, quando o governador romano Pilatos se dirigiu à multidão e proclamou «Eis o Homem», em latim “Ecce Homo”



«Num passado não muito distante, a procissão era antecedida por grupos de farricocos, vestidos de túnicas roxas. Em memória destas figuras, abre a procissão um farricoco, carregando simbolicamente um trompete», explica Rui Ferreira.

Outra procissão, da Senhora da Burrinha, hoje designada como cortejo bíblico “Vós sereis o meu povo”, ganhou «popularidade no decorrer do século XIX, momento em que a procissão da Senhora das Angústias integrava, além do andor da padroeira, uma outra imagem “montada n’uma jumentinha"».

Os fiéis afeiçoaram-se a este quadro, designando progressivamente a procissão de Senhora da Burrinha, evocando a fuga para o Egito da Mãe de Jesus, com o Menino e o pai adotivo, por receio da perseguição das autoridades religiosas judaicas. O cortejo sai da igreja de S. Victor na noite de Quarta-feira Santa.

«Uma das manifestações mais significativas» é a procissão do Senhor “Ecce Homo”, que sai às ruas na noite de Quinta-feira Santa, evocando o julgamento de Jesus, quando o governador romano Pilatos se dirigiu à multidão e proclamou «Eis o Homem», em latim “Ecce Homo”.

«Disciplinando-se, carregando troncos ou pesados ferros, arrastando os joelhos pelo pavimento ou simplesmente acompanhando em oração, os penitentes compunham o corpo do préstito, preenchido pelos irmãos encapuçados que auxiliavam as dores e fragilidades daqueles que sucumbiam ao peso das suas penas», imaginário que ainda hoje «é marcado pelo negrume das trevas, numa espécie de apelo ao arrependimento pelos males praticados ou cogitados», refere o investigador.



No final da Vigília Pascal, a imagem de Nossa Senhora das Dores é «retirada do seu retábulo e colocada na capela-mor em cima de um pedestal. Durante a celebração, o presidente, evocando a alegria de Maria perante a ressurreição, recorda os sete momentos da sua vida que lhe rasgaram a alma»



As particularidades do Rito Bracarense na Semana Santa

As celebrações são também marcadas pela realização de cerimoniais inscritos no Rito Bracarense: «O mais “vistoso"», no Domingo de Ramos, compõe-se de «três pancadas da cruz na porta principal da sé, ritual que se repete igualmente por três vezes, após a recitação de orações inscritas no missal próprio da arquidiocese»

Por seu lado, a Procissão Teofórica do Enterro realiza-se na tarde da Sexta-Feira Santa na sé: «Nesta impressionante procissão, o Santíssimo Sacramento, encerrado num esquife coberto de um manto preto, é levado pelas naves da catedral - daí o nome de procissão teofórica (que transporta Deus) -, sendo posteriormente deposto numa capela lateral onde é exposto à veneração».

Já a visita às sete igrejas é uma tradição associada à tarde de Quinta-Feira, vinculada à procissão das Endoenças, organizada pelas Misericórdias, bem como «com as sete igrejas de peregrinação da cidade de Roma, que os fiéis devem visitar sempre que é proclamado Ano Santo». Os fiéis são convidados a visitarem a sé e as igrejas da Misericórdia, Santa Cruz, Terceiros, Salvador, Penha e Conceição. A iniciativa realiza-se também de 8 a 15 de abril, com horário de saída às 10h30 no posto de turismo, tendo custo associado.

A basílica dos Congregados acolhe esta sexta-feira, anterior ao Domingo de Ramos, a solenidade de Nossa Senhora das Dores, que prossegue na Vigília Pascal. «Apesar do seu dia litúrgico ter sido fixado no calendário da Igreja católica a 15 de Setembro, o seu culto foi estabelecido inicialmente na Sexta-Feira da Paixão (Semana V da Quaresma) e assim se manteve neste templo da cidade de Braga».



Além das celebrações religiosas, o programa da Semana Santa em Braga é acompanhado, desde há vários anos, por iniciativas culturais, com entrada gratuita, que visam aprofundar a espiritualidade cristã da Quaresma e Páscoa.



No final da Vigília Pascal, a imagem é «retirada do seu retábulo e colocada na capela-mor em cima de um pedestal. Durante a celebração, o presidente, evocando a alegria de Maria perante a ressurreição, recorda os sete momentos da sua vida que lhe rasgaram a alma». Depois, retira, «uma a uma, as espadas suspensas na imagem de Nossa Senhora» e coroa-a.

«As manifestações enquadradas com a Semana Santa de Braga revelam-se hodiernamente como fenómeno turístico, envolvendo a comunidade num ambiente e vivência muito particular, apelando às raízes cristãs que acompanharam a história da
própria cidade», assinala Rui Ferreira.

 

Programa cultural: música

Além das celebrações religiosas, o programa da Semana Santa em Braga é acompanhado, desde há vários anos, por iniciativas culturais, com entrada gratuita, que visam aprofundar a espiritualidade cristã da Quaresma e Páscoa.

Esta sexta-feira o Coro da Santa Casa da Misericórdia de Braga e o Coro Juvenil do Conservatório Bomfim, com a orquestra de cordas desta instituição, apresentam um concerto, às 21h30, na igreja do hospital de S. Marcos, com obras de Elgar, Sibelius, Bach, Haydn, Fernando Lapa, António Cartageno, Verdi e Lovland.

Este sábado, pelas 17h30, é apresentado no pequeno auditório do Theatro Circo o documentário "A Semana Santa de Braga", realizado por Ricardo Silva e produzido pela Câmara Municipal e a empresa One Pixel at a Time com a consultadoria de Rui Ferreira.

No próximo domingo, de Ramos, às 21h30, o ator António Durães, o Quarteto Verazin e o P. Manuel Morujão sj reúnem-se na basílica dos Congregados para meditar as sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz.

A igreja de Santa Cruz recebe no dia 10, igualmente às 21h30, o coro e orquestra da Universidade do Minho, que interpretam "The armed man. A mass for peace", de Karl Jenkins.

Na Terça-feira Santa o coro da Sé do Porto e a Orquestra Filarmonia das Beiras interpetam, na sé, às 21h30, as obras "Stabat Mater Dolorosa", de Schubert, e "Requiem", de Mozart.

O coro e orquestra Sinfonietta de Braga apresentam a 22 de abril, sábado após a Páscoa (Pascoela), na igreja de S. Victor, pelas 21h30, a obra "Dixit Dominus", HWV 232, de Haendel.

 

Exposições, visitas guiadas, fotografia, documentário

Pela nona vez decorre o concurso de fotografia subordinado ao tema “A Semana Santa de Braga”, com inscrições até 19 de abril e submissão de trabalhos até ao dia 26.

A visita guiada às igrejas de S. Victor e Senhora-a-Branca, e à Capela de Nossa Senhora de Guadalupe é a proposta feita de 10 a 14 de abril, com saída às 10h00 do largo da Senhora-a-Branca, onde se pode apreciar, até dia 16, a exposição "Mitras da Cidade de Braga".

O Museu Pio XII acolhe até 16 de abril a mostra "Uma Mãe junto à Cruz", com pinturas de Santiago Belacqua. Também com termo na mesma data o Museu da Imagem oferece a exposição de fotografia "Lausperene", pelo fotógrafo Adalberto.

"As catorze obras da Misericórdia" apresentam-se em pintura na Casa dos Crivos até 17 de abril, enquanto que o Tesouro-Museu da Sé de Braga recebe a mostra de escultura "Mater Dolorosa", que encerra no dia 16, dia em que também termina,, no Salão Medieval da Universidade do Minho, a exposição "Os Terceiros na Quaresma bracarense", espólio da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco de Braga.

"Paixão e Glória - Num Tesouro-Museu de Amor" é o título da mostra que pode ser vista até 13 de abril na Irmandade de Santa Cruz, que apresenta o seu espólio. E até dia 17 o Shopping Braga Parque recebe o segundo polo da exposição de fotografia "Lausperene", do Museu da Imagem.

A Fonte do Ídolo expõe até dia 18 as fotografias premiadas na edição de 2016 do concurso de fotografia "A Semana Santa de Braga". "Cristo... por amor a nós", com objetos religiosos, é a proposta do Espaço-Galeria da Junta de Freguesia de S. Victor, até 20 de abril.

A Câmara Municipal de Terras do Bouro abre as portas até dia 28 à exposição "Luzes e cores", 50 fotografias de Flávio Freitas sobre a Procissão da Burrinha.

"Sagrado Lausperene em Braga" é o tema da exposição fotográfica de Libório Manuel Silva, patente até 2 de maio no Hospital de Braga. E até dia 6 do mesmo mês Fernanda Aguiar expõe arte sacra no Centro Interpretativo das Memórias da Misericórdia de Braga (Palácio do Raio).



 

SNPC
Fonte: Igreja Viva
Publicado em 06.04.2017

 

 

 
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