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Semana Santa

Acordo de madrugada e quero ir pr'á rua
O Mestre vai passar
Os caminhos estão verdes
O povo vestiu-se de ramos
Penso

E as ruas da pandemia
Transbordam vazias
«Hossana! Bendito o que vem!»
As vozes espalharam-se
E não se ouvem
Tempo de revelação

Surpresa e aflita
A cidade esconde-se e guarda-se
Hoje não há procissão



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Vestido de paz
O Mestre sobe as nossas ladeiras
E entra em nossas casas

«Eis que estou à porta e bato.
Quem ouvir a minha voz e abrir a porta,
Entro em sua casa e janto com ele,
E ele comigo.»

Os pés descalços da simplicidade
Acolhem o nosso chão, nossa verdade
As mãos de trabalho, operosas
Repartem o amor em gestos de cuidado
O rosto sereno
Encosta em nossos rostos aflitos
O coração confiante
Dá repouso aos nossos corações de medo

O perfume do amor enche as nossas casas
Como em Betânia
A nossa vida reconcilia-se e encontra-se
Habita a comunhão



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E, durante a ceia
«Ele que tinha amado os seus que estavam no mundo
Amou-os até ao fim.»
Tirou o manto
E vestiu a toalha
Abaixou-se até ao chão
E lavou os pés dos discípulos
E todos se vestiram do amor que serve
Amai-vos, amai-vos até dar a vida
Fazei como eu fiz
Dai a vida na liberdade do amor
Amor gratuidade
Na gratuidade da liberdade do amor

E do pão fez o seu corpo
E do vinho fez o seu sangue
Pão e vinho sua vida
«Isto é o meu corpo que é dado por vós.»
«Este cálice é a nova aliança do meu sangue,
Que é derramado por vós»
«Fazei isto em memória de mim»
Eu estarei sempre convosco
Ao partir o pão



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E a luz penetra a escuridão
É já sexta feira de morte e paixão
Com todo o teu ser amarás
Inteligência, mãos, pés e coração
Inteireza do ser
A vida reparte-se como pão

E Jesus assume a nossa morte
E morre!

Nele mergulhamos as nossas mortes
O nosso ser marcado pela morte
Deitamos com Ele na morte
Abraçamos a morte no amor
É uma grande noite
O amor dorme na morte, com a morte

Aquele corpo morto é o corpo do Amor
É o corpo da fidelidade
É o corpo da liberdade
É o corpo da verdade
É o corpo do respeito
Da dignidade
Amor eterno

O amor do Pai não o abandona
Jesus abandona-se ao amor do Pai
Seu ser inteiro de amor
Suas palavras de vida
Suas ações de libertação e salvação
Sua vida liberdade
A paixão pelo Reino
A beleza do Reino
A alegria dos oprimidos e excluídos
Deitados na morte
Dormindo na morte
Espera de amor



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A luz é infinita, a escuridão se vai
O amor fonte derrete o frio da morte
O corpo aquece pelo amor que o habita
E em chamas de amor, ressuscita
E espalha-se, livre
O vento sopra, respira
O grão de trigo brotou

Dias de noite e solidão
De medo e escuridão
De pecado
O amor é maior!

As casas transbordam
O povo abraça molhos de flores
Que segura contra o peito
«Não ardia o nosso coração?»

Era uma vez a noite e o dia
Reunidos num só
Quando o dia e a noite
Se perderam em luz
A força do amor
Amor ressureição


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Dentro das casas pequenas
As pessoas renascem e unem-se
Em comunidades de fé
«Eu vi o Senhor»
«Nós vimos o Senhor»
Rios de vida e de amor

Os corações tristes
Renascem na alegria
Processo da fé
Processo do amor
«No amor não há medo»

Ó beleza do ser
Ó princípio do amor
Ó verdade infinita, Jesus
Ó Mistério encarnado
Teu Ser é o ser
Nosso ser, liberdade e luz


P. José Luís Coelho, CSh
Imagens: Bigstock.com
Publicado em 06.04.2020 | Atualizado em 16.04.2023

 

 
 
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