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O seu espinho, a minha deficiência: Porque amo Rita de Cássia, «santa dos impossíveis»

O seu espinho, a minha deficiência: Porque amo Rita de Cássia, «santa dos impossíveis»

Imagem Basílica de Santa Rita, Cássia, Itália | D.R.

Que importância se dá ao próprio nome? O que significa realmente para quem o tem e levará consigo para o resto da vida? Às vezes as pessoas não estão satisfeitas com o seu nome porque não o puderam escolher. Para mim é o contrário. Estou orgulhosa e honrada por me chamar como a "santa dos impossíveis", a santa da rosa e do espinho, um verdadeiro exemplo de virtude, fé e amor por Cristo. Nunca cessarei de agradecer a quem escolheu este nome para mim, sinto que me é ajustado e incentivou-me sempre a tomar Rita de Cássia como modelo.

 

Uma vida inspiradora

Desde muito pequena que me foi contada a sua vida, como uma filha dócil e obediente, uma esposa e uma mãe irrepreensível, e, por fim, uma monja agostiniana exemplar. É por isso que, ao transportar o seu nome, à medida que crescia senti aumentar em mim um sentido de responsabilidade, como se devesse fazer alguma coisa na minha vida, imitando o comportamento da "minha" santa para a honrar e mostrar-me digna de ser chamada como ela. Sei que nunca poderei igualá-la, nem pela fé nem por outras qualidades em que era incomparável, mas posso tomá-la como modelo, procurar viver a minha vida como ela, num ato contínuo de amor. Rita amava Deus e consequentemente a sua família, o seu marido, que conseguiu converter, os filhos que amou a tal ponto que os preferiu salvos no Paraíso a viverem culpados de um pecado mortal, e como monja era tão enamorada por Jesus crucificado que lhe pediu um dos seus espinhos.

 

Uma cadeira de rodas em Cássia

Este gesto sempre me fascinou, mas também me impressionou: nunca serei capaz de chegar a tanta comparticipação na dor de Cristo. Mas posso viver a minha condição de pessoa com deficiência com amor, sem revolta, como oferta ao Senhor pela sua crucificação, pela Igreja, pelos pecadores, pelos sacerdotes e religiosas, em particular pelas de clausura, que como Rita escolheram colocar Jesus no centro dos seus corações. No dia da sua festa, recordo-me com comoção as peregrinações a Cássia, desde que tinha oito anos, um lugar onde sempre me senti acolhida e amada como uma filha quando vai visitar sua mãe. Com Rita sinto que tenho uma ligação especial, uma espécie de diálogo interior, percebo que estou a ser escutada e compreendida, e sei que ela fala através do meu coração. A ela sempre me dirigi quando precisava, e nunca me negou auxílio.

 

Da revolta à oração

Quando era pequena, não entendia porque é que ela não me satisfazia o pedido que considerava mais importante, a cura física. Agora, após 30 trinta anos em que trago com alegria o seu nome, creio que entendo um pouco mais: comparo a minha cadeira de rodas ao seu espinho, ainda que seja muito menos dolorosa: acho que é, de alguma forma, um penhor de amor a Deus aceitar e oferecer e, se possível, levar com alegria. Assim, no dia da sua festa, quero expressar a Santa Rita um agradecimento especial: «Minha venerada santa protetora, obrigado por estares sempre tão próxima, obrigado por nunca me teres abandonado, mesmo quando eu própria te repeli. Obrigado pelo teu exemplo de filha, esposa, mãe e irmã; obrigado por me teres sempre amado e protegido, e obrigado, especialmente, por me teres feito compreender que o importante na vida não é caminhar, mas amar, e que não é preciso olhar à volta mas ter o olhar dirigido para Deus. Continua a ajudar-me para que eu aprenda cada vez mais a amar como tu amaste, a perdoar como tu perdoaste, a aceitar como tu aceitaste. No dia da tua festa só quero agradecer-te, as minhas palavras não querem ser nem uma súplica nem um adeus, mas simplesmente uma promessa de amor».

 

Margherita Lotti (Santa Rita) nasceu em Roccaporena, Cássia, atual Itália, cerca do ano 1380. De acordo com a tradição era filha única e desde a adolescência desejou consagrar-se a Deus, mas por insistência dos pais foi dada em casamento a um jovem de boa vontade, embora de carácter violento.

Após o assassinato de seu marido e da morte dos dois filhos, sofreu muito pelo ódio dos parentes, que conseguiu voltar a pacificar. Viúva e sozinha, em paz com todos, foi acolhida no mosteiro agostiniano de Santa Maria Madalena, em Cássia. Viveu 40 anos na humildade e caridade, na oração e na penitência.

Nos últimos 15 anos de vida teve na fronte o sinal da sua profunda união com Jesus crucificado. Morreu a 22 de maio de 1457. O seu corpo é venerado no santuário de Cássia, meta de constantes peregrinações. Foi beatificada pelo papa Urbano VIII em 1627 e  declarada santa a 24 de maio de 1900, pelo papa Leão XIII. É invocada como santa do perdão e pacificadora de Cristo. É padroeira das mulheres com casamentos infelizes e dos casos desesperados.



 

Rita Coruzzi
In "Avenire"
Com: "Santi e beati"
Trad.: SNPC
Publicado em 22.05.2017

 

 
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