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Que procuras?

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Que procuras?

Um vizinho encontrou o Sr. Simão de gatas, em plena rua, à procura de alguma coisa no chão. «Que procuras, amigo?» Simão, erguendo o olhar como quem pede ajuda, respondeu: «A minha chave. Perdi-a». Por isso o bom vizinho ajoelhou-se ali mesmo e os dois puseram-se à procura da chave perdida. Passado largo tempo, o vizinho perguntou-lhe: «Onde a perdeste?». Simão, quase como se se desculpasse, com uma voz que saía para dentro, respondeu: «Dentro de casa». «Santo Deus! Então porque é que andamos à procura no meio da rua?» «Porque aqui há mais luz» (tomado com alguma liberdade criativa de Anthony de Mello, “O canto do passáro”).

É uma verdade bastante óbvia, mas estou convencido de que não só é importante saber o que estamos à procura, como também ter claro onde o fazer; quando queremos aproximar-nos de Deus temos de clarificar primeiro o que é que procuramos, o que é que queremos dele; por que o invocamos, o que lhe pedimos... Mas isto não basta. Também é importante definir muito bem onde o vamos procurar; porque pode ser que haja lugares aparentemente iluminados que nos parecem mais próprios para encontrar Deus; e, todavia, Ele pode estar à nossa espera noutro lugar menos luminoso, como a nossa vida normal e quotidiana.

Costumo começar a experiência dos Exercícios Espirituais perguntando às pessoas «o que procuram?», porque me parece fundamental que cada uma estabeleça o seu próprio encontro com o Senhor esclarecendo, para si mesma, o que a leva a procurá-lo. As motivações que se desvelam diante de nós são muito variadas e, muitas vezes, contraditórias. O milagre que essa experiência realiza é muito simples: quando aclaramos o que procuramos, quando dizemos que procuramos Deus, então começa a concretizar-se o lugar onde o devemos procurar.

Uma pergunta como esta foi a que Jesus lançou um dia a dois dos discípulos de João Batista, que o seguiam pelo caminho: «Que procurais?» Eles disseram: «Mestre, onde vives?». A resposta foi: «Venham e vejam». A Igreja propõe-nos este texto do Evangelho porque quer suscitar em nós a fome do encontro com Deus e o desejo de saber mais dele. Peçamos-lhe, neste início do tempo comum litúrgico, que Ele nos mostre onde vive, para que o conheçamos cada vez mais, para que mais o amemos e o sigamos nas nossas vidas. O importante é não acabarmos como o protagonista da história, procurando onde Ele não está.

 

P. Hermann Rodríguez Osorio, S.J.
Decano da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Xaveriana, Bogotá, Colômbia
In "Periodista Digital"
Trad. / edição: Rui Jorge Martins
Publicado em 22.01.2015 | Atualizado em 17.04.2023

 

 
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