«Quanto mais necessitados estamos, mais o olhar de Deus sobre nós se enche de misericórdia», afirmou hoje o papa, na audiência jubilar que decorreu no Vaticano, no contexto do Ano da Misericórdia.
Aos cerca de 30 mil fiéis presentes na Praça de S. Pedro, o papa sublinhou que a fé ajuda a ter outro olhar sobre as dificuldades: «É verdade que a vida nos coloca à prova e por vezes sofremos por isso. Contudo, nesses momentos somos convidados a olhar Jesus crucificado que sofre connosco e por nós, como prova certa de que Deus não nos abandona».
«Nunca esqueçamos (...) que nas angústias e nas perseguições, como nas dores do dia a dia somos sempre libertados pela mão misericordiosa de Deus que nos eleva a si e nos conduz a uma vida nova», acentuou Francisco, que baseou a sua meditação na primeira Carta de Pedro (1, 18-21).
O amor de Deus é ilimitado: «Podemos descobrir sinais sempre novos que indicam a sua atenção» em relação a nós e sobretudo a sua vontade de chegar até nós e de nos preceder. Toda a nossa vida, ainda que marcada pela fragilidade do pecado, é colocada sob o olhar de Deus que nos ama».
«Deus tem uma grande ternura, um grande amor pelos mais pequenos, pelos mais frágeis, pelos descartados da sociedade», salientou.
Para Francisco, a palavra "redenção" é hoje «pouco usada, e todavia é fundamental porque indica a mais radical libertação que Deus pode realizar» por toda a humanidade e por toda a criação.
«Parece que o homem de hoje deixou de gostar de pensar em ser libertado e salvo por uma intervenção de Deus; ilude-se, com efeito, com a sua própria liberdade como força para obter tudo. Vangloria-se até disso», assinalou.
Porém, «na realidade não é assim: quantas ilusões são vendidas sob o pretexto da liberdade e quantas novas escravidões são criadas nos nossos dias em nome de uma falsa liberdade. Precisamos que Deus nos liberte de toda a forma de indiferença, de egoísmo e de autossuficiência».
«Tantos escravos. "Eu faço isto porque quero fazê-lo, drogo-me porque me dá prazer, sou livre, eu faço aqueloutro". São escravos, tornam-se escravos em nome da liberdade. Todos nós vimos pessoas assim que acabam por terra», apontou Francisco.
No fim da audiência, o papa saudou o Serviço Nacional de Proteção Civil de Itália, que deveria estar presente mas que anulou a participação para continuar as operações de socorro e assistência às populações atingidas pelo terramoto de 24 de agosto: «Agradeço-lhes pela dedicação e a generosa ajuda oferecida nestes dias. Obrigado irmãos e irmãs».
Rui Jorge Martins