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Música

Poulenc e Puccini: convite ao recolhimento e à reflexão

Em tempos de incerteza, talvez possa o Natal despir-se do véu materialista que o recobre e concentrar-se no essencial: no verdadeiro significado da partilha e da união. A possibilidade de ouvir, num mesmo concerto, o «Gloria» de Francis Poulenc (1899-1963) e a «Messa di Gloria» de Giacomo Puccini (1858-1924) ganha outra magnitude na aproximação desta data.

Sob a direcção do maestro Michel Corboz, o Coro e a Orquestra Gulbenkian vão tornar possível a fruição de ambas as obras, ao lado da soprano Brigitte Fournier, do barítono Rudolf Rosen e do tenor Valerio Contaldo.

Em meados dos anos 30, acossado pela morte trágica de Jean-Octave Ferroud, Poulenc redescobre a fé católica e inicia a composição das suas obras litúrgicas. Os mais importantes destes trabalhos serão escritos na última década de vida: o «Stabat Mater» em 1950, o «Gloria» em 1959, e as «Sept répons des ténèbres» em 1961/62. Ao concluir esta, registaria: «Com o Gloria e o Stabat Mater, penso que deixo três boas obras religiosas. Se conseguir escapar ao inferno, elas podem valer-me alguns dias de purgatório.» Poulenc deixava, com ironia, nota da importância que tais composições sacras tinham para si próprio.

 

O Glória, encomendado pela Fundação Koussevitsky e estreado em 1961, em Boston – dois anos antes da morte de Poulenc – teve dos críticos uma reacção ambígua. Alguns chegaram a classificar a obra como sacrílega, pela sua frescura e vivacidade. A isto, o seu autor, que um dia o crítico Claude Rostand descreveu como «metade monge, metade delinquente», respondeu com humor: «Enquanto o escrevia, tinha na mente aqueles frescos de Crozzoli, com anjos deitando a língua de fora, e também os monges Beneditinos de ar solene que eu vi a jogar futebol o outro dia.»

A «Messa di Gloria» foi composta por Puccini quando este tinha apenas 22 anos, por motivo da sua graduação do Instituto Musical Pacini. Teve estreia em Luca, em Julho de 1880, embora o Credo tivesse sido tocado dois anos antes, como peça independente. Apesar de ter sido bem recebida pelo público, o compositor jamais publicou o manuscrito integral e a obra só voltou a ser interpretada em 1952, primeiro em Chicago e depois em Nápoles. Puccini utilizou alguns dos seus temas noutras obras: o Agnus Dei na ópera «Manon Lescaut» e o Kyrie em «Edgar».

 

Os concertos, que decorrem na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, estão agendados para 21 de dezembro, às 19h00, e dia 22, pelas 21h00.

 

Fundação Calouste Gulbenkian
18.12.11

FotoFrancis Poulenc

 

 

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