«Eu quero, com a tua graça, chegar a ti, à conquista direta da tua presença em mim. Quando cair a noite, a noite da vida, iremos, apressando-nos, com um coração novo, até ti.»
Hoje, 29 de junho, é o dia da «noite da vida» dos apóstolos Pedro e Paulo, dia que recorda o seu martírio em Roma, mas também a sua existência, transformada pelo encontro com Cristo.
Um encontro que ocorreu de formas diversas: na pacatez quotidiana do trabalho de pescador para Simão Pedro, no fulgor veemente de uma epifania para Saulo-Paulo. A graça divina haveria de conduzi-los, por estradas distintas, a cruzar aquela "presença" que embebeu toda a sua pessoa, a vida e a morte.
Estes sentimentos, que, de maneiras distintas, dizem também respeito à história de todo o crente, são expressos pelas palavras acima citadas, pertencentes a uma mulher egípcia católica, Mary Kahil, nascida em 1889 e falecida em 1979, aos 90 anos.
Figura mística, pertencente a uma família da burguesia, escolha o caminho da contemplação e do empenho pelo diálogo inter-religioso com o mundo muçulmano, junto do qual vivia, guiada por um grande mestre da cultura e da espiritualidade árabe, o francês Louis Massignon.
O seu testemunho exprime precisamente aquela "catolicidade", isto é, aquela universalidade que a Igreja deve revelar, na convicção de que «já não há grego ou judeu, circunciso ou incircunciso, bárbaro ou cita, escravo ou livre, mas Cristo que é tudo em todos» (Colossenses 3, 11).
Recolhamos, então, o convite de Pedro, que na sua Primeira Carta, escrita de Roma, nos exorta a estarmos sempre dispostos a dar a razão da nossa esperança a todo aquele que no-la peça, «com mansidão e respeito (cf. 3, 15-16).
P. (Card.) Gianfranco Ravasi