Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura

Para excluídos

Para excluídos

Imagem Jesus cura cego (det.) | El Greco | C. 1570 | Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, EUA

É cego de nascimento. Nem ele nem os seus pais têm culpa alguma, mas o seu destino ficará marcado para sempre. As pessoas olham-no como um pecador castigado por Deus. Os discípulos de Jesus perguntam-lhe se o pecado é do cego ou dos seus pais (João 9, 1-41).

Jesus olha-o de maneira diferente. Desde que o viu só pensa em resgatá-lo daquela vida de mendigo, por todos depreciado como pecador. Ele sente-se chamado por Deus a defender, acolher e curar precisamente os que vivem excluídos e humilhados.

Depois de uma cura laboriosa, na qual também ele teve de colaborar com Jesus, o cego descobre pela primeira vez a luz. O encontro com Jesus mudou a sua vida. Por fim poderá desfrutar de uma vida digna, sem medo de se envergonhar diante de nada.

Mas engana-se. Os dirigentes religiosos sentem-se obrigados a controlar a pureza da religião. Eles sabem quem não é pecador e quem está em pecado. Eles decidirão se pode ser aceite na comunidade religiosa. Por isso expulsam-no.

O mendigo curado confessa abertamente que foi Jesus quem se aproximou dele e o curou, mas os fariseus rejeitam-no, irritados: «Nós sabemos que esse homem é um pecador». O homem insiste em defender Jesus: é um profeta, vem de Deus. Os fariseus não o podem aguentar: «Também pretendes dar-nos lições, tu que estás envolvido em pecado desde que nasceste?».



Quem levará hoje esta mensagem de Jesus até esses grupos que, em qualquer momento, escutam condenações públicas injustas de dirigentes religiosos cegos, que se aproximam das celebrações religiosas com medo de ser reconhecidos?



O evangelista diz que «quando Jesus ouviu que o tinham expulsado, foi encontrar-se com ele». O diálogo é breve. Quando Jesus lhe pergunta se acredita no Messias, o expulsado diz: «E quem é, Senhor, para que possa crer nele?». Jesus responde-lhe, comovido: «Não está longe de ti. Já o viste. É aquele que está a falar contigo». O mendigo diz-lhe: «Creio, Senhor».

Assim é Jesus. Ele vem sempre ao encontro daqueles que não são acolhidos oficialmente pela religião. Não abandona a quem o procura e o ama, mesmo que sejam excluídos das comunidades e instituições religiosas. Os que não têm lugar nas nossas igrejas têm um lugar privilegiado no seu coração.

Quem levará hoje esta mensagem de Jesus até esses grupos que, em qualquer momento, escutam condenações públicas injustas de dirigentes religiosos cegos, que se aproximam das celebrações religiosas com medo de ser reconhecidos, que não podem comungar com paz nas nossas eucaristias, que se veem obrigados a viver a sua fé em Jesus no silêncio do seu coração, quase de maneira secreta e clandestina?

Amigos e amigas desconhecidos, não o esqueceis: quando os cristãos os rejeitam, Jesus está a acolhê-los.



 

José Antonio Pagola
In "Religión Digital"
Trad.: SNPC
Publicado em 24.03.2017

 

 
Relacionados
Destaque
Pastoral da Cultura
Vemos, ouvimos e lemos
Perspetivas
Papa Francisco
Teologia e beleza
Impressão digital
Pedras angulares
Paisagens
Umbrais
Mais Cultura
Vídeos