O “Evangeliário da Misericórdia”, com excertos dos quatro Evangelhos ilustrados com imagens de mosaicos criados pelo padre esloveno Marko Ivan Rupnik, foi hoje apresentado ao papa Francisco pelo autor, no Vaticano
O religioso jesuíta concebeu, entre outras obras, o grande painel que domina o interior da basílica da Santíssima Trindade, em Fátima, e os mosaicos da capela Redemptoris Mater, no Vaticano.
As criações artísticas do Evangeliário, copublicado pela Conferência Episcopal Italiana e editora San Paolo, «não são apenas uma ilustração decorativa» mas, «através das imagens, dos gestos, das cores, sublinham aspetos teológicos da misericórdia», explicou Marko Rupnik à Rádio Vaticano.
O exemplar entregue a Francisco tem na capa um mosaico real, em miniatura, de execução «muito difícil», afirmou o religioso, dado que algumas das peças que o compõem têm menos de meio milímetro.
O volume inclui textos introdutórios assinados pelo padre Alessandro Amapani e é prefaciado pelo arcebispo Rino Fisichella, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, entidade coordenadora do Ano da Misericórdia, que começa a 8 de dezembro.
«Ninguém pode sentir-se estranho ou excluído da participação na vida divina, e este Evangeliário nasce precisamente do desejo de recolher a experiência de encontro com a misericórdia do Pai», refere o texto de apresentação.
A obra, que apresenta as leituras para os domingos, solenidades e festas do ano litúrgico, permite a «escuta religiosa da Palavra de Deus que tudo transforma» mediante o «caminho da beleza», destaca a sinopse.
O Evangeliário é frequentemente elaborado com maior cuidado relativamente a outros livros com trechos bíblicos, tendo em conta que a sua proclamação constitui, na missa, o ponto culminante da Liturgia da Palavra.
A Igreja recomenda que pelo menos nas catedrais, paróquias e igrejas maiores e mais frequentadas haja um Evangeliário «ornado com beleza» e que se distinga de outros livros.
Na missa, durante a procissão de entrada, o Evangeliário pode ser transportado solenemente por um diácono ou outro ministro, que o deixa sobre o altar, fechado. Altar e evangeliário são beijados pelo presidente da celebração antes de se dirigir ao seu lugar.
Depois de ter sido levado solenemente do altar para o ambão, o Evangeliário pode ser incensado antes da proclamação da leitura, após a qual é beijado pelo ministro ou levado ao bispo, quando preside à celebração, para o mesmo efeito.
O livro dos Evangelhos é também usado na ordenação de um diácono, sendo-lhe entregue, e de um bispo, quando é imposto e sustentado sobre a sua cabeça. Nas exéquias, pode colocar-se sobre o féretro.
Nos sínodos e concílios, o Evangeliário é entronizado no começo de cada reunião plenária (congregação geral).
Rui Jorge Martins