O papa Francisco assinalou hoje os 25 anos da queda do Muro de Berlim, feito que se tornou possível graças ao «longo e laborioso empenho de muitas pessoas, que por ele lutaram, rezaram e sofreram, alguns até ao sacrifício da vida».
«Rezemos para que, com a ajuda do Senhor e a colaboração de todos os homens de boa vontade, se difunda cada vez mais uma cultura do encontro, capaz de fazer cair todos os muros que ainda dividem o mundo», afirmou Francisco durante a oração do Angelus, que proferiu na Praça de S. Pedro, no Vaticano.
Depois de ligar o papa S. João Paulo II ao fim da muralha berlinense, Francisco pediu para que nunca mais aconteça que «pessoas inocentes sejam perseguidas e até mortas por causa do seu credo e da sua religião»: «Onde há um muro, há fechamento do coração. São precisas pontes, não muros».
Antes da oração dirigida a Maria, o papa meditou sobre o aniversário da dedicação da basílica de Latrão, em Roma, a "igreja mãe de todas as igrejas", que os católicos assinalam este domingo.
«[A Igreja] pede a cada um de nós para ser coerente com o dom da fé e de realizar um caminho de testemunho cristão. E não é fácil, sabemo-lo todos, a coerência na vida entre a fé e o testemunho», afirmou.
Apesar das dificuldades, Francisco vincou a necessidade de atitudes consequentes com as convicções religiosas: «Devemos andar para a frente e realizar na nossa vida esta coerência diária. "Este é um cristão!", não tanto por aquilo que diz, mas por aquilo que faz, pela maneira como se comporta».
A Igreja é chamada a professar «com humildade e coragem» a fé em Cristo, testemunhando-a na caridade: «A esta finalidade essencial devem ser ordenados também os elementos institucionais, as estruturas e os organismos pastorais», porque a caridade «é expressão da fé, e também a fé é a explicitação e o fundamento da caridade», apontou.
A festa da dedicação da basílica de Latrão é um convite a «meditar na comunhão de toda a Igreja», que por sua vez é um estímulo para que «a humanidade possa superar as fronteiras da inimizade e da indiferença», construindo «pontes de compreensão e de diálogo, para fazer do mundo inteiro uma família de povos reconciliados entre eles, fraternos e solidários».
«Desta nova humanidade a própria Igreja é sinal e antecipação quando vive e difunde com o seu testemunho o Evangelho, mensagem de esperança e de reconciliação para todos os homens», realçou Francisco.
Rui Jorge Martins