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Papa Francisco canonizou José Vaz, o santo de Goa que se vestia como mendigo e abraçava as periferias

Imagem Papa Francisco | D.R.

Papa Francisco canonizou José Vaz, o santo de Goa que se vestia como mendigo e abraçava as periferias

O papa Francisco declarou hoje santo o padre José Vaz, missionário nascido em Goa que em 1687 se ofereceu para colaborar na evangelização da ilha que os portugueses tentavam concretizar na antiga Ceilão, no contexto de perseguições contra o catolicismo movidas pelos holandeses.

Na missa a que presidiu em Colombo, capital do Sri Lanka, perante 500 mil pessoas, segundo a Rádio Vaticano, o papa evocou o religioso que entrou clandestinamente na ilha disfarçado de operário, salientando que «com as suas palavras e, o mais importante, com o exemplo da sua vida», conduziu o povo à fé.

Três séculos depois, os católicos veem no religioso pertencente à congregação dos Padres do Oratório «um estímulo para perseverar no caminho do Evangelho», um apelo ao crescimento pessoal na «santidade» e um incentivo a testemunhar «a mensagem evangélica de reconciliação à qual dedicou a sua vida».

«Por causa da perseguição religiosa em ato, vestia-se como um mendigo, cumpria os seus deveres sacerdotais encontrando secretamente os fiéis, muitas vezes durante a noite. Os seus esforços deram energia espiritual e moral à população católica assediada. Sentia uma ânsia particular de servir os doentes e atribulados», declarou o papa.

S. José Vaz, prosseguiu Francisco na homilia, «deixou-se consumir pelo trabalho missionário e morreu, exausto, aos cinquenta e nove anos de idade, venerado pela sua santidade».

«Encorajo cada um de vós a olhar para São José como para um guia seguro. Ensina-nos a sair para as periferias, a fim de tornar Jesus Cristo conhecido e amado por toda a parte», apontou o papa.

À imagem do que acontece hoje em muitas regiões do globo, o religioso goês «viveu num período de transformações rápidas e profundas», ao mesmo tempo que «os católicos eram uma minoria e, com frequência, dividida no seu seio», havendo episódios de «hostilidade» e «perseguição».

A par da sua determinação evangelizadora, apoiada pela união a Deus «crucificado na oração», S. José mostrou «a importância de transcender as divisões religiosas no serviço da paz», outro factor que o torna atual.

«Gastou o seu ministério em favor dos necessitados, sem olhar quem fosse e onde estivesse», exemplo que é hoje seguido pela Igreja no Sri Lanka, que «não faz distinção de raça, credo, tribo, condição social ou religião, no serviço que proporciona através das suas escolas, hospitais, clínicas e muitas outras obras de caridade».

Francisco voltou a vincar que «a liberdade religiosa é um direito humano fundamental», pelo que cada pessoa «deve ser livre de procurar, sozinho ou associado com outros, a verdade, livre de expressar abertamente as suas convicções religiosas, livre de intimidações e constrições externas».

«Como nos ensina a vida de José Vaz, a autêntica adoração de Deus leva, não à discriminação, ao ódio e à violência, mas ao respeito pela sacralidade da vida, ao respeito pela dignidade e a liberdade dos outros e a um solícito compromisso em prol do bem-estar de todos», assinalou.

O carácter intrépido de S. José constitui igualmente «um exemplo de zelo missionário»: deixou «para trás a sua casa, a sua família, o conforto dos lugares que lhe eram familiares» para apoiar a comunidade católica local, mas dedicou a sua vida a «todos», falando «de Cristo onde quer que se encontrasse».

«Sabia como oferecer a verdade e a beleza do Evangelho num contexto plurirreligioso, com respeito, dedicação, perseverança e humildade. Este é, também hoje, o caminho para os seguidores de Jesus», afirmou o papa.

Para Francisco, a mesma «coragem» de S. José Vaz, a sua «sensibilidade», «o seu respeito pelos outros», «a sua ânsia de partilhar com eles a palavra da graça», constituem faróis para as comunidades católicas.

«Rezo para que, seguindo o exemplo de S. José Vaz, os cristãos desta nação possam ser confirmados na fé e dar uma contribuição ainda maior para a paz, a justiça e a reconciliação na sociedade srilanquesa», porque isto é o que «Cristo espera» e a «Igreja precisa», salientou o papa antes de concluir a homilia.


 

Rui Jorge Martins
Publicado em 14.01.2015 | Atualizado em 19.04.2023

 

 
Imagem Papa Francisco | D.R.
Por causa da perseguição religiosa em ato, vestia-se como um mendigo, cumpria os seus deveres sacerdotais encontrando secretamente os fiéis, muitas vezes durante a noite. Os seus esforços deram energia espiritual e moral à população católica assediada. Sentia uma ânsia particular de servir os doentes e atribulados
S. José Vaz sabia como oferecer a verdade e a beleza do Evangelho num contexto plurirreligioso, com respeito, dedicação, perseverança e humildade. Este é, também hoje, o caminho para os seguidores de Jesus
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