Diretores de topo de multinacionais de energia como a ExxonMobil, Eni, BP, Shell e Pemex vão reunir-se, a seu pedido, esta sexta-feira e sábado no Vaticano, num encontro fechado que contará com a participação de responsáveis da Santa Sé ligados ao ambiente e que prevê uma audiência com o papa, no dia 9.
"A transição energética e o cuidado da nossa casa comum" é o tema da iniciativa, organizada pela universidade de Notre Dame, dos EUA, que decorre nas instalações da Academia Pontifícia das Ciências, revela a agência Reuters.
Na encíclica "Laudato si'", do papa Francisco, lê-se que «a tecnologia baseada nos combustíveis fósseis – altamente poluentes, sobretudo o carvão mas também o petróleo e, em menor medida, o gás – deve ser, progressivamente e sem demora, substituída».
«Enquanto aguardamos por um amplo desenvolvimento das energias renováveis, que já deveria ter começado, é legítimo optar pela alternativa menos danosa ou recorrer a soluções transitórias», refere o n.º 165 do texto.
Antes, no n.º 24, Francisco acentua que «o clima é um bem comum, um bem de todos e para todos. A nível global, é um sistema complexo, que tem a ver com muitas condições essenciais para a vida humana. Há um consenso científico muito consistente, indicando que estamos perante um preocupante aquecimento do sistema climático».
Pela Santa Sé participam o chanceler da Academia Pontifícia das Ciências, o bispo argentino Marcelo Sanchez Sorondo, e o cardeal ganês Peter Turkson, responsável pelo dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, que se ocupa da salvaguarda do ambiente e da economia e finanças sustentáveis.
«O encontro tem por fim dialogar com os diretores executivos (CEO) das companhias petrolíferas para saber até que ponto estão conscientes de que o petróleo é a principal causa da alteração climática, ou seja, do aquecimento global que está a colapsar o planeta», declarou Marcelo Sorondo à imprensa.
Depois de salientar que as empresas de energia «não só comandam a economia, mas também a política de muitas nações, particularmente do G20, o responsável observou que a iniciativa pretende sugerir aos diretores executivos, «e através deles aos políticos, que invistam em energias renováveis ou na descarbonização como novo desafio, meta sócio-económica, fonte de trabalho e bem-estar da casa comum».
«Esperamos que queiram escutar a mensagem, como alguns já estão a fazer. Foram eles que quiseram o encontro, e nós estamos contentes por iniciar um diálogo sério, crítico e construtivo», afirmou.
Hoje, 6 de junho, o Movimento Católico Mundial para o Clima, juntamente com as três redes europeias das conferências episcopais (COMECE, CCEE, Justiça e Paz Europa), organiza do primeiro Dia de Reflexão sobre a "Laudato si'", sobre a "Finança sustentável na Europa e na Igreja".