O papa Francisco recordou esta segunda-feira o papel que o seu antecessor desempenhou no diálogo entre fé e ciência» e realçou que a teoria do “big bang”, associada à origem do universo, implica a intervenção divina.
«O “big bang”, que hoje se coloca na origem do mundo, não contradiz a intervenção criadora divina, mas exige-a», afirmou Francisco durante a inauguração de um busto em honra do papa emérito Bento XVI, na Pontifica Academia das Ciências, no Vaticano.
Segundo Francisco, a ação do ser humano, ainda que «limitada», participa no poder divino e é capaz de construir um mundo adaptado à sua dupla vida corpórea e espiritual», um mundo «para todos os seres humanos, e não para um grupo ou uma classe de privilegiados».
«Mas também é verdade que a ação do homem, quando a sua liberdade se torna autonomia - que não é liberdade, mas autonomia – destrói o criado e o homem toma o lugar do Criador. E isto o grave pecado contra Deus criador», advertiu.
Referindo-se ao papa emérito, Francisco salientou que o «amor» de Bento XVI «pela verdade não se limita à teologia e à filosofia, mas abre-se às ciências» e é acompanhado pela «solicitude» para com os cientistas».
Francisco lembrou que Bento XVI convidou o presidente da Pontifícia Academia das Ciências a participar no sínodo sobre a nova evangelização (Vaticano, 2012), «consciente da importância da ciência na cultura moderna».
«A ciência, a sabedoria e a oração» dilataram o «coração» e o «espírito» de Bento XVI, apontou Francisco, que agradeceu a Deus «o dom que fez à Igreja e ao mundo com a existência e o pontificado» do papa emérito.
A imagem em bronze evoca não só «o rosto» do papa emérito, como «também o seu espírito», que se consubstancia nos seus «ensinamentos», «exemplos» e «obras», bem como na sua «devoção à Igreja», a par da «sua atual vida “monástica”».
«Bento XVI: um grande papa. Grande pela força e penetração da sua inteligência, grande pelo seu contributo relevante para a teologia, grande pelo seu amor à Igreja e aos seres humanos, grande pela sua virtude e a sua religiosidade», realçou Francisco.
Rui Jorge Martins