O papa criticou hoje o «escasso sentido de responsabilidade da parte de muitos condutores, que parecem muitas vezes não se darem conta das consequências graves da sua desatenção (por exemplo com o uso impróprio do telemóvel) ou do seu desregramento».
As palavras de Francisco foram proferidas no Vaticano, durante a audiência aos dirigentes e pessoal da direção central para as polícias rodoviária e ferroviária de Itália.
Os excessos dos automobilistas são causados «por uma pressa e por uma competitividade ligadas a estilos de vida, que fazem dos outros condutores como que obstáculos ou adversários a ultrapassar, transformando as estradas em pistas de “fórmula 1” e a linha do semáforo na grelha de partida de um grande prémio».
Para o papa, o aumento da segurança rodoviária não passa apenas pelas sanções, «mas é necessária uma ação educativa que dê maior consciência das responsabilidades que têm em relação a quem viaja ao lado».
Francisco considera que «a ação da polícia exige um elevado profissionalismo e especialização, e portanto uma contínua atualização no conhecimento das leis e no emprego dos instrumentos e da tecnologia».
«O constante contacto com as pessoas, depois, faz com que a marca do vosso profissionalismo seja dada não só pela elevada competência a vós requerida, mas também por uma profunda retidão – que leve a nunca se aproveitar do poder que se tem à disposição – e por um alto grau de humanidade», apontou.
Quer «nas ações de controlo que nas repressivas», frisou Francisco, é importante «um uso da força que nunca degenere em violência», o que exige grande «sabedoria e autocontrolo, sobretudo quando o agente é visto com desconfiança ou sentido quase como inimigo, em vez de protetor do bem comum».
Este último fenómeno é «infelizmente um mal espalhado, que em certas zonas atinge o pico de uma contraposição entre o tecido social e o Estado, juntamente com quantos o representam».
Antes de concluir, o papa sugeriu «um estilo de misericórdia» na execução das funções policiais, que «não é sinónimo de fraqueza nem requer a renúncia ao uso da força; significa, antes, ser capaz de não identificar o culpado com a violação que cometeu».