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Padre Joaquim Carreira nomeado “Justo entre as Nações” pelo Memorial do Holocausto

Imagem Padre Joaquim Carreira | D.R.

Padre Joaquim Carreira nomeado “Justo entre as Nações” pelo Memorial do Holocausto

O Yad Vashem, o Memorial do Holocausto de Jerusalém, decidiu outorgar o título de “Justo entre as Nações” ao padre português Joaquim Carreira, vice-reitor e reitor do Colégio Pontifício Português, de Roma, entre 1940 e 1954, revela hoje o blogue “Religionline”.

Este título, atribuído a 4 de setembro mas só agora divulgado, distingue não judeus que, durante o Holocausto, perseguição e extermínio sistemático, apoiado pelo governo nazista, de cerca de seis milhões de judeus, tenham arriscado as suas vidas para os salvar.

A declaração do Yad Vashem «recorda alguns dados biográficos do padre Carreira: nascido em 1908 numa aldeia próxima de Fátima, um famoso lugar de peregrinação católica, ordenado padre em 1931 e formado na pilotagem de aviões; em 1940, mudou para Roma, onde viria a tornar-se vice-reitor e reitor do Colégio Pontifício Português, que alberga padres portugueses a estudar na capital italiana», refere o texto do blogue.

Foi a investigação sobre o padre Joaquim Carreira que o jornalista António Marujo escreveu para o jornal “Público” a 23 de dezembro de 2012, naquele que viria a ser o seu último trabalho para o diário, que permitiu ao Yad Vashem declarar o sacerdote “Justo entre as Nações”.

Quando Roma foi ocupada pelos nazis em Setembro de 1943, recorda o texto do Yad Vashem citado pelo “Religionline”, monsenhor Carreira ofereceu abrigo a várias pessoas perseguidas pelos nazis, incluindo três membros da família Cittone: Elio, o seu pai Roberto e o seu tio Isacco. No relatório da atividade do colégio, Carreira escreveu: “Concedi asilo e hospitalidade no colégio a pessoas que eram perseguidas na base de leis injustas e desumanas”».

Apesar de o colégio ter à porta um aviso do comando militar alemão proibindo quaisquer buscas no seu interior, por ser território da Santa Sé, os militares alemães entraram uma vez no edifício, à procura de refugiados. Todos os que estavam ali ocultados – resistentes, antifascistas, “partiggiani”, judeus – conseguiram esconder-se em sítios previamente combinados e sugeridos pelo reitor. Mas a família Cittone considerou mais seguro procurar outro abrigo, deixando o colégio pouco depois. O que não impede Elio Cittone, sete décadas depois, de admitir: «Estou-lhe muito grato e recordo sempre o facto de ele me ter salvo a vida», assinala António Marujo.

Joaquim Carreira passa a ser o quarto português a ser declarado Justo, após Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português em Bordéus que, desobedecendo às ordens de Salazar, atribuiu vistos a mais de 10 mil judeus que fugiam dos nazis; Carlos Sampayo Garrido, embaixador de Portugal na Hungria, que terá salvo cerca de mil judeus, atribuindo-lhes documentação portuguesa e colocando-os a salvo em casas da embaixada; e José Brito Mendes, operário português casado com uma francesa e residente em França, e que salvou uma menina, filha de judeus.

As pessoas declaradas “Justo entre as Nações” são distinguidas com uma medalha e um certificado de honra, além de verem os seus nomes inscritos no mural de honra do Jardim dos Justos, do Yad Vashem – onde uma pequena floresta de árvores homenageia também os seus nomes.

O título concede, ainda, a cidadania honorária de Israel aos “Justos” ou, se já tiverem morrido, a cidadania póstuma. Em janeiro de 2014, o número de Justos declarados pelo Yad Vashem chegava aos 25.271, originários de 49 países.

O diploma do padre Joaquim Carreira, que será recebido por familiares do antigo reitor, deverá ser entregue na primavera ou verão de 2015, na Embaixada de Israel em Lisboa.

 

Edição: Rui Jorge Martins
Publicado em 11.12.2014

 

 

 
Imagem Padre Joaquim Carreira | D.R.
Quando Roma foi ocupada pelos nazis em Setembro de 1943, monsenhor Carreira ofereceu abrigo a várias pessoas perseguidas pelos nazis
Apesar de o colégio ter à porta um aviso do comando militar alemão proibindo quaisquer buscas no seu interior, por ser território da Santa Sé, os militares alemães entraram uma vez no edifício, à procura de refugiados. Todos os que estavam ali ocultados conseguiram esconder-se em sítios previamente combinados
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