Encontrar uma obra da arte ou uma imagem para ilustrar a pergunta "onde está Jesus hoje?" não é simples. Com efeito, trata-se de tornar visível uma ausência. Uma ausência sobre a qual está fundada a fé cristã. Se os apóstolos acreditaram, particularmente Pedro e João, foi porque na manhã de Páscoa encontraram o que Maria Madalena lhes tinha anunciado, o túmulo vazio (João 20, 1-8).
Hoje, Jesus Cristo dá-se a reconhecer no Corpo das Escrituras, Ele que é Palavra de Deus, no seu Corpo sob a forma do pão consagrado na missa, e no seu Corpo que é a Igreja, da qual Ele é a cabeça (1 Coríntios 12, 27).
O rosto é um elemento essencial do corpo e aplica-se apenas ao ser humano. Pelo rosto exprimimos quem somos e por ele traduzimos os nossos sentimentos. Cuspir no rosto de alguém, como fizeram os soldados a Cristo, é negar a sua existência humana.
Cada batizado é chamado a ser rosto do Senhor, a irradiar sobre o seu próprio rosto o rosto de Deus (Números 6, 25), de modo que todos aqueles que encontrem descubram que são "encarados" por Jesus.
Constituído por fotografias de homens, mulheres, crianças, personalidades conhecidas ou anónimas, de todas as nacionalidades, este "Cristo de mil rostos" diz-nos, à sua maneira, o que S. Paulo escrevia aos gálatas: «Já não há nem judeu nem grego; já não há nem escravo nem homem livre; já não há homem e mulher; pois todos vós sois um em Jesus Cristo» (3, 28).
É precisamente a unidade que os cristãos são chamados a viver - unidade com o Senhor, unidade entre eles e unidade com os seus irmãos na humanidade - que possibilita reconhecer Jesus e crer que Ele é o enviado do seu Pai para a salvação do mundo. Esta unidade que Ele mesmo vive com o Pai no poder de amor do Espírito.
Cristo de mil rostos | Estudantes e catequistas de Péronne, França | 1982 | D.R.
Bertane Poitou