Tive três educadores: a estrada, a escola, a Bíblia. No fim, a que contou mais foi a Bíblia. É o único livro que devemos ter. Duke Ellington (1879-1974) é uma figura mítica do jazz americano, vinda da estrada da Washington natal, formado depois numa escola que entretecia elementos da cultura musical afro-americana e que chegou aos “Sacred Concerts”. Sim, porque, como explicava na citação que proponho, a Bíblia era a estrela polar da sua humanidade e criatividade.
Talvez se possa dizer com alguma segurança que todos os nossos leitores possuem uma Bíblia. Mas isto ainda não é suficiente, porque é bem sabido que certos negócios de móveis incluem alguns metros de livros como decoração. A Bíblia não deve reduzir-se a um nobre objeto ornamental, mas deve ser lida e aprofundada dia a dia.
Há meio século que convivo com a Bíblia; e todavia devo confessar que, lendo os estudos dos meus colegas, descubro de cada vez uma nova acentuação, um aspeto inesperado, uma dimensão escondida. Mas mesmo isto não basta. A Bíblia autodefine-se frequentemente com imagens “ofensivas”: espada, fogo, luz, água, martelo, entre outras. Ou seja, ela deve incidir na vida, deve inquietar as consciências mortas, deve dirigir as nossas escolhas. Só assim ela «conta mais» para nós.
P. (Card.) Gianfranco Ravasi