«A cidade moderna portuguesa é um estranho argumento» que «mescla o protagonismo das principais linhas humanistas e regeneradoras do código moderno» com «um regionalismo que viria a ganhar relevo em Portugal na segunda metade do século XX».

Este é o ponto de partida da exposição de fotografia "Murdernism", que o arquiteto Bruno Parente (n. 1976) apresenta no Fórum Lisboa até 4 de outubro, no âmbito da 3.ª edição do "Arquiteturas Film Festival", que começou esta quinta-feira.

O ensaio incide num dos «mais emblemáticos conjuntos de edifícios modernistas de Alvalade [Lisboa], o Bairro das Estacas», para «evidenciar algumas das modalidades de modificação» operadas ao longo dos anos, testemunhando «um tráfico de fronteiras e limites esbatidos».

«Algumas das imagens expostas são fotomontagens e pretendem reforçar a dimensão inusitada de convívio entre a estranheza e familiaridade presentes nestas apropriações», assinala Bruno Parente.

O conjunto habitacional expõe «tanto a sua resiliência identitária como a sua aptidão à mudança e à deformação», pelo que o autor «procura dar visibilidade à expressão de resistência de um modernismo que sobrevive sim, mas numa humanizante vulnerabilidade, hospedando as contradições em que o correr do tempo é fértil».

«O habitar reinventa o habitat? Ou como explica o poeta Manoel de Barros, são preferíveis “as máquinas que servem para não funcionar: quando cheias de areia de formiga e musgo – elas podem um dia milagrar flores"», questiona Bruno Parente na sinopse da exposição.

O festival, criado em 2013, «alimenta-se das infinitas possibilidades de valorização e divulgação da Arquitetura através do Cinema e da produção audiovisual em geral», explica o texto de introdução da iniciativa.