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Laicidade e espiritualidade: Vaticano debateu pontes e fronteiras

Laicidade e espiritualidade: Vaticano debateu pontes e fronteiras

Imagem Papa Francisco | 12.5.2017 | Monte Real, Portugal | © Presidência da República

A espiritualidade «é muitas vezes associada a algo de etéreo, impalpável, inconsistente», mas «é preciso considerá-la como uma categoria religiosa, sim, mas também cultural» que está sujeita a um conhecimento multiforme, considera o presidente do Conselho Pontifício da Cultura.

«A laicidade é um espaço onde todos se encontram, sejam crentes sejam não crentes», sublinhou o cardeal Gianfranco Ravasi, na abertura de um colóquio organizado esta segunda-feira em Roma.

O responsável destacou que a iniciativa "Laicidade e espiritualidade", realizada no âmbito do Átrio dos Gentios, plataforma do Vaticano para o encontro entre crentes e não crentes coordenada pelo Conselho Pontifício da Cultura, foi requerida por uma instituição laica, o Centro Pannunzio, «aberto e sensível ao diálogo até constituir uma "simpatia", ainda que na diversidade».

O diretor do Centro Pannunzio observou que «o laicismo, segundo alguns, implica uma visão imanentista da vida e uma cultura que se fundam exclusivamente numa visão histórico-científica do homem».

Esta perspetiva torna-se «de facto uma substituta do ateísmo, entendido como profissão de fé numa conceção do mundo oposta àquela baseada na existência de Deus, que implica uma substancial condenação da religião como forma de superstição irracional e obscurantista», apontou Pier Franco Quaglieni.

Por seu lado, «uma laicidade comporta atitudes liberais capazes de abertura aos outros porque só através do debate as ideias progridem. O Átrio dos Gentios nasce com esta missão: instaurar um diálogo também com quem não o quer. Esta é a laicidade suprema», afirmou.

Para o professor universitário Eugenio Mazzarella, «não há guerra entre religião e democracia, nem deve haver, porque ambas podem fazer valer a doutrina desde que se defina uma área comum de razoável senso e consenso. É necessária uma aliança entre fé e racionalidade ocidental, atores vitais para um diálogo intercultural e de valores».

Luisella Battaglia, também docente universitária, centrou a reflexão na necessidade de se retomar «a noção originária de bioética como setor da ética comprometida na individuação da relação entre o homem e os outros seres vivos, vegetais e animais - a ética do "bios" - e orientá-la para uma visão alargada, de ecossistema, inspirada no conceito aristotélico de felicidade».

A visão de Aristóteles deve ser entendida «não no sentido hedonista, mas como florescimento de si próprio, de realização das próprias capacidades, considerando sempre que o conflito a combater é entre ideias e não entre pessoas».

O comunicado do Átrio dos Gentios termina com o anúncio de que a próxima assembleia plenária do Conselho Pontifício da Cultura vai ser dedicada ao tema "Futuro da humanidade. Novos desafios da antropologia".



 

SNPC
Fonte: "Cortile dei Gentili"
Publicado em 13.06.2017

 

 
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