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Jovens, «abri a porta da gaiola e saí a voar», «não passeis toda a vossa vida diante de um ecrã», desafia papa

«Jovens, não renuncieis ao melhor da vossa juventude, não observeis a vida de uma varanda. Não confundais a felicidade com um sofá nem passeis toda a vossa vida diante de um ecrã. Tampouco vos deveis converter no triste espetáculo de um veículo abandonado. Não sejais automóveis estacionados, pelo contrário, deixai brotar os sonhos e tomai decisões. Arriscai, mesmo que vos equivoqueis.»

Este é um dos desafios que o papa Francisco dirige aos jovens, recorrendo frequentemente a imagens próximas da sua linguagem, na exortação apostólica “Cristo vive”, divulgada hoje pelo Vaticano.

«Não sobrevivais com a alma anestesiada nem olheis o mundo como se fôsseis turistas. Fazei barulho! Deitai fora os medos que vos paralisam, para que não vos convertais em jovens mumificados. Vivei! Entregai-vos ao melhor da vida! Abri a porta da gaiola e saí a voar! Por favor, não vos aposenteis antes de tempo», afirma.

No documento dirigido aos «jovens cristãos» e «a todo o Povo de Deus», porque a reflexão sobre a juventude «convoca e estimula a todos», o papa declara que se deixou «inspirar pela riqueza das reflexões e dos diálogos do Sínodo do ano passado», que de 3 a 28 de outubro debateu, no Vaticano, o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.



«Enquanto lutas para dar forma aos teus sonhos, vive plenamente o hoje, entrega-lhe tudo e enche cada momento de amor. Porque é verdade que este dia da tua juventude pode ser o último, e então vale a pena vivê-lo com toda a garra e com toda a profundidade possível»



«Devemos perseverar no caminho dos sonhos. Para isso, devemos estar atentos a uma tentação que nos costuma passar uma rasteira: a ansiedade. Pode ser uma grande inimiga quando nos leva a baixar os braços porque descobrimos que os resultados não são imediatos. Os sonhos mais belos conquistam-se com esperança, paciência e empenho, renunciando às pressas», assinala o documento.

Do que os jovens devem ter medo não é do insucesso, mas «de viver paralisados, como mortos ainda em vida, convertidos em seres que não vivem porque não querem arriscar, porque não perseveram nos seus compromissos ou porque têm medo de se equivocar». Francisco encoraja a juventude a ir para a rua, manifestar os seus pontos de vista: «Por favor, não deixeis que outros sejam os protagonistas da mudança. Sois vós que tendes o futuro. Peço-vos que também vós sejais protagonistas desta mudança. Continuai a superar a apatia e a oferecer uma resposta cristã às inquietações sociais e políticas que se vão tornando patentes em diversas partes do mundo».

«Enquanto lutas para dar forma aos teus sonhos, vive plenamente o hoje, entrega-lhe tudo e enche cada momento de amor. Porque é verdade que este dia da tua juventude pode ser o último, e então vale a pena vivê-lo com toda a garra e com toda a profundidade possível», diz o papa.

Com efeito, a vida de cada jovem é chamada a ser «um estímulo profético, que impulsione outros, que deixe uma marca neste mundo», nomeadamente através do «compromisso social e o contacto direto com os pobres», que «continuam a ser uma ocasião fundamental para descobrir ou aprofundar a fé e discernir a própria vocação».



«Ao mundo nunca aproveitou nem aproveitará a rutura entre gerações. São os cantos de sereia de um futuro sem raízes, sem arraigamento. É a mentira que te faz pensar que só o novo é bom e belo»



A «verdadeira plenitude de ser jovem» encontra-se na «amizade com Jesus»: «Assim como te preocupa não perder a ligação à Internet, cuida que esteja ativa a tua ligação com o Senhor, e isso significa não cortar o diálogo, escutá-lo, contar-lhe as tuas coisas e, quando não souberes claramente que deverias fazer, perguntar-lhe: “Jesus, que farias Tu em meu lugar?”».

O papa pede aos jovens para recusarem que a sua juventude seja usada «para fomentar uma vida superficial, que confunde a beleza com a aparência»: «Há formosura, para lá da aparência ou da estética da moda, em cada homem e em cada mulher que vivem com amor a sua vocação pessoal, no serviço desinteressado em favor da comunidade ou da pátria, no trabalho generoso pela felicidade da família, empenhados no árduo trabalho anónimo e gratuito de restaurar a amizade social. Descobrir, mostrar e pôr em destaque esta beleza, que se assemelha à de Cristo na cruz, é colocar os alicerces da verdadeira solidariedade social e da cultura do encontro».

O documento sublinha a importância dos alicerces da história de cada jovem - «dói ver que alguns proponham aos jovens construir um futuro sem raízes, como se o mundo começasse agora» -, contrariando a «tendência para homogeneizar» os jovens, para dissolver as diferenças próprias do seu lugar de origem, para convertê-los em seres manipuláveis feitos em série».

Ainda neste contexto, o texto destaca a importância do diálogo com os idosos, porque «ao mundo nunca aproveitou nem aproveitará a rutura entre gerações. São os cantos de sereia de um futuro sem raízes, sem arraigamento. É a mentira que te faz pensar que só o novo é bom e belo».


 

Rui Jorge Martins
Fonte: "Cristo vive", ed. Paulinas Editora
Imagem: D.R.
Publicado em 02.04.2019

 

 
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