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Jogos Olímpicos: Exercícios corporais e espirituais

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Jogos Olímpicos: Exercícios corporais e espirituais

Os Jogos Olímpicos não se resumem a uma «mensagem centrada no desempenho corporal, na eugenia e na estética dos corpos desvinculados de subjetividade e interioridade», mas revelam também «atletas do espírito», considera a teóloga brasileira Maria Clara Bingemer.

«Ao contemplar a maravilha dos atletas que se prepararam durante meses e anos para enfrentar as provas, podemos ver igualmente atletas do espírito, que renunciaram a muitos prazeres e alegrias, legítimas ou não tanto, para poder dedicar-se inteiramente àquilo a que se propõem.  E alguns deles e delas integram o mesmo amor e dedicação exercitando o corpo e o espírito, estejam ou não vinculados a alguma religião ou Igreja», assinala a docente universitária no "Jornal do Brasil".

A autora, de quem foi recentemente publicado em Portugal o livro "Simone Weil - Mística de fronteira", sustenta a sua convicção apontando três atletas católicos que se destacaram nas suas modalidades.

«A superginasta Simone Biles, que já se comenta que superará a até então insuperável e mítica Nadia Komaneci, treina desde pequena com uma disciplina inquebrantável, acompanhada da reza do terço e da frequência à missa.  Católica, Simone Biles confessa que a fé é uma das únicas constantes na sua vida atribulada, ao lado do desporto que é a sua paixão. Criada pelos avós, Simone chama-os de pai e mãe, e vai com eles à missa. Carrega consigo um terço branco que, esclarece, não é para rezar antes da prova, mas na vida de todo o dia», escreve Maria Clara Bingemer.

Por seu lado, os atletas David Boudia e Steele Johnson, também dos EUA, após ganharam a medalha de prata em salto ornamental masculino, «rezaram juntamente com o treinador e a cena foi transmitida ao vivo pelos "media"», testemunhando que «a fé os mantém conectados à Terra, independentemente do êxito olímpico». 

E o tenista argentino Juan Martin del Potro, «homem de profunda fé» que qualifica o encontro com o papa Francisco «um momento único que jamais esquecerá», demonstrou a sua convicção espiritual na quadra, «após a luta com o pulso quebrado, as cirurgias que teve de fazer e o cansaço até à exaustão para chegar a uma prata que equivale a ouro. O abraço fraterno e emocionado no inglês campeão do ténis nestas Olimpíadas, Andy Murray, mostrava ao mundo que para além das Malvinas ou das Falklands, guerra que já dividiu os dois países, ocasionando a morte de mil jovens argentinos, a fraternidade e o espírito de respeito e amor ao outro é possível».

Além dos exemplos cristãos apontados, também há os «de várias religiões e mesmo sem religião, mas com profunda abertura para a transcendência e a espiritualidade», e é por isso que as Olimpíadas no Rio de Janeiro «contam com um centro inter-religioso, onde atletas e treinadores podem desfrutar de momentos para meditar, fazer preces e celebrações».

Para o arcebispo da "Cidade Maravilhosa", D. Orani Tempesta, «é muito bom ver o Rio de Janeiro como um povo acolhedor, onde as religiões se entendem», enquanto que o capelão judeu para os atletas olímpicos, o rabino Elia Haber, comentou: «Esperamos conseguir prover este balanço entre o físico e o espiritual. É muito importante para o atleta trabalhar isso».


 

In "Jornal do Brasil"
Redação: Rui Jorge Martins Publicado em 23.08.2016 | Atualizado em 23.04.2023

 

 
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Além dos exemplos cristãos apontados, também há os «de várias religiões e mesmo sem religião, mas com profunda abertura para a transcendência e a espiritualidade»
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