A instalação vídeo "Gratia plena", de Inês Gil, cineasta que integra a Equipa de Cinema do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, vai ser inaugurada no Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada, a 10 de junho, dia dos 137 anos da instituição.

Realizada em 2016 para a renovação da capela do Seminário da Nossa Senhora da Conceição, em Braga, a instalação, agora ligeiramente modificada, «é uma interpretação contemporânea da Anunciação, sendo o mistério da origem da vida o tema principal da obra», refere o Museu em nota enviada hoje ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

A professora de Cinema e Fotografia da Universidade Lusófona, que fez parte do júri do Prémio Árvore da Vida na mais recente edição do festival IndieLisboa, «propõe uma reflexão contemplativa sobre a origem da vida como acontecimento miraculoso e alegórico de uma estrutura sempre em construção».

Organizada em três momentos, a instalação, exibida em junho de 2016 durante a 12.ª Jornada Nacional da Pastoral da Cultura, começa por "Originis", que «mostra os quatro elementos da natureza e outros representantes do princípio da vida».

A segunda parte do vídeo, "Immaculata", envolve a presença humana (com o corte da pedra, a transformação da lã, a construção complexa de uma estrutura em madeira) e questiona a sua possibilidade em ser espiritual através da ideia de concepção divina e imaculada";

"Annuntiatio", terceira secção, «é o momento da Anunciação, através de uma compreensão humanista expressa na leitura do texto de Hildegard de Bingen, "Ave Generosa" (séc. XII). A introdução da madeira, da pedra e da lã como elementos narrativos remetem para os materiais utilizados na construção da capela».

«A narrativa da instalação percorre metaforicamente várias etapas da história da origem da vida a partir do texto bíblico: o rebanho no escuro como o ventre materno; a pedra que deixa uma semente crescer na sua aparente esterilidade; o jovem carpinteiro que personifica o anjo da Anunciação; a futura mãe que prepara a vinda de uma nova vida cardando a lã das ovelhas; a mão do escultor que cria a figura e a acaricia», assinala a nota de apresentação.

A autora do tríptico "A Nova Aliança" e "Sangue na guelra" optou pela «humildade da voz feminina» na leitura do texto de Santa Hildegard de Bingen para evocar a «condição humana» e contrastar «o artifício da imagem».

A instalação será exibida até 3 de setembro no núcleo de Arte Sacra do Museu Carlos Machado (igreja do Colégio).

A nova instalação de Inês Gil, "Terra prometida", inteiramente filmada na ilha açoriana de S. Miguel, centra-se na «descoberta amorosa na adolescência». A realizadora está a escrever a sua primeira longa-metragem de ficção, que também tem o arquipélago como cenário.