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Diálogo

Importa viver como «aliança» a relação entre Igreja, Cultura e Arte

O que é mais importante (criar, manter, repensar) na relação da Igreja com a Cultura?

Se, como refere a Carta dos Hebreus, ao entrar no mundo, Cristo diz: Tu não quiseste sacrifício nem oferenda, mas preparaste-me um corpo” (Heb 10,5), torna-se claro que a relação da Igreja com a Cultura é constitutiva da identidade eclesial. Na verdade, é como «corpo eclesial» que a Igreja existe para ser lugar de visibilidade do ministério de Deus tornado acessível a todos os humanos pela Encarnação de Jesus Cristo mediante a assunção de um corpo verdadeiramente humano.

De acordo com a citada afirmação bíblica, o ministério da Encarnação, ao implicar o facto de assumir um corpo como realidade humana, revela-nos não só o caminho escolhido por Deus para vir ao encontro dos humanos, mas também o caminho humano para ir ao encontro de Deus.

Sendo a Igreja uma realidade que não existe para si própria e inspirando-se no dinamismo da Encarnação, cabe-lhe ser, no mundo, portadora de uma mensagem voltada para a plena humanização de todo o ser humano, tornando-se companheira atenta e interessada de tudo o que respeita à vida das pessoas e aos modelos culturais que configuram o mundo em todas as suas formas de expressão. Por aí passa a vocação e missão da Igreja encarregada do anúncio de uma existência humana inspirada na proposta de Jesus Cristo exigindo uma sua aproximação a tudo o que é verdadeiramente humano.

Assim sendo, a Igreja não pode manter-se fora da realidade cultural própria de cada tempo e lugar. O importante é que, face a novos tempos ou novas circunstâncias em que se encontre, saiba situar-se entre a conformidade e a diferença, sem abdicar da originalidade evangélica que lhe cabe oferecer e preservar. É um caminho exigente para a Igreja, na medida em que requer, por um lado, uma atitude de acolhimento dos valores presentes nas culturas e suas formas de expressão e, por outro, faz apelo a um olhar crítico sobre as realidades do mundo da cultura atual. Um olhar que, não tendo de ser predominantemente negativista ou moralista, conduza a um discernimento daquilo que, em vez de significar uma autêntica humanização sem exclusões, antes, possa contribuir para uma memorização da condição humana.

Se a fidelidade da Igreja ao movimento próprio da Encarnação que faz referência ao “corpo” implica olhar a cultura como uma das dimensões da “carne” oferecida ao Verbo como lugar de dicção da Palavra que vem de Deus, então percebe-se que a missão da Igreja se torne tanto mais significativa quanto maior for o empenho em “Dar corpo à graça” na expressão do feliz e sugestivo tema do 2º encontro “Fé e Arte”, a ter lugar em Braga, a 21 de abril.

A relação da Igreja com a Cultura não é alheia à relação com a Arte que importa viver sobre a forma de aliança, já que se trata de uma área em que se destaca a dimensão simbólica do humano, por sinal, muito presente na fé cristã que não existe sem figurações. A mesma dimensão simbólica preside aos sacramentos que não existem sem a mediação do “corpo”.

Tratando-se de uma realidade que nada tem de fixidez, é natural que a relação da Igreja com a Cultura e com a Arte seja algo sempre a repensar e a requerer criatividade em ordem a novas formas e linguagens de expressão estética ao serviço do anuncio do Evangelho e numa sensibilidade a tudo o que se revele portador de beleza.

No mundo religioso e católico, a Liturgia, que implica necessariamente a mediação corporal, é uma das áreas em que há lugar a pontes com a cultura e as artes, uma vez que põe em marcha rituais, homilias, canto e música, sendo um domínio que pode ser repensado, de modo a evitar que a fixação do mero cerimonial mais do que o simbólico, possa conduzir à “espectacularização” do litúrgico, em vez de favorecer uma celebração da Liturgia que se revele significativa e motivadora para a comunidade celebrante. Como dizia Frei José Augusto Mourão em entrevista a Maria João Seixas, «o que tem falhado à liturgia, no meu ponto de vista, é justamente o corpo», uma vez que «o orante traduz em linguagem carnal a sua veneração da presença que lhe é dada».

Sendo a relação da Igreja com a Cultura uma área sempre a repensar, a verdade é que, em Portugal, sob a orientação do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, nos últimos anos têm sido dados passos significativos no aprofundamento da referida relação, num percurso que, para além de diversas iniciativas e nas diferentes Dioceses, teve como um dos seus momentos altos, as “Jornadas da Pastoral da Cultura”.

É um caminho que importa continuar a percorrer.

 

P. Cipriano Pacheco
Referente da Pastoral da Cultura da diocese de Angra
© SNPC | 02.04.12

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