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Ecumenismo: Para chegar à unidade, Igreja católica apenas pede aos ortodoxos a «profissão da fé comum», diz papa Francisco

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Ecumenismo: Para chegar à unidade, Igreja católica apenas pede aos ortodoxos a «profissão da fé comum», diz papa Francisco

A «profissão de fé comum» constitui a única exigência que a Igreja católica coloca aos cristãos ortodoxos para alcançar a meta da «plena unidade», declarou hoje o papa em Istambul, diante do patriarca Bartolomeu I.

As palavras de Francisco foram pronunciadas durante a «divina liturgia» na igreja ortodoxa de S. Jorge, celebrada por ocasião da festa de Santo André, padroeiro do patriarcado ecuménico de Constantinopla, que se assinala este domingo.

«Quero assegurar a cada um de vós que, para atingir a meta ansiada da plena unidade, a Igreja católica não pretende impor qualquer exigência, se não a da profissão da fé comum, e que estamos prontos a procurar juntos, à luz do ensinamento da Escritura e da experiência do primeiro milénio, o modo com o qual garantir a necessária unidade da Igreja nas atuais circunstâncias», afirmou o papa.

«A única coisa que a Igreja católica deseja e que eu procuro como bispo de Roma, "a Igreja que preside na caridade", é a comunhão com as Igrejas ortodoxas. Tal comunhão será sempre fruto do amor "que foi derramado nos nossos corações por meio do Espírito Santo que nos foi dado" (Romanos 5, 5), amor fraterno que dá expressão ao ligame espiritual e transcendente que nos une enquanto discípulos do Senhor», vincou Francisco.

O papa frisou que o restabelecimento da plena comunhão «não significa nem submissão de um a outro, nem absorção, mas sobretudo acolhimento de todos os dons que Deus deu a cada um».

Citando o decreto "Unitatis redintegratio", do Concílio Vaticano II, Francisco lembrou que as Igrejas ortodoxas «têm verdadeiros sacramentos e, sobretudo, em virtude da sucessão apostólica, o sacerdócio e a Eucaristia».

Na encíclica "Ut unum sint", o papa S. João Paulo II tomou sobre si a responsabilidade de «encontrar uma forma de exercício do primado que, apesar de não renunciar de nenhum modo ao essencial da sua missão, se abra a uma situação nova».

Em 1987, o cardeal teólogo Joseph Raztinger, atual papa emérito Bento XVI, defendeu que no que diz respeito à doutrina do primado, «Roma não deve requerer do Oriente nada mais em relação ao que foi formulado e vivido no primeiro milénio» do cristianismo.

«No mundo de hoje levantam-se com intensidade vozes que não podemos não ouvir e que pedem às nossas Igrejas para viver até ao fundo o ser discípulos do Senhor Jesus Cristo», apontou o papa, que à cabeça nomeou os «pobres», seguidos pelas «vítimas dos conflitos» e os «jovens».

«Caro irmão, caríssimo irmão - disse Francisco a Bartolomeu I -, estamos já a caminho rumo à plena comunhão, e já podemos viver sinais eloquentes de uma unidade real, mesmo que ainda parcial. Isto conforta-nos e apoia-nos na continuação deste caminho», referiu Francisco.

«Invocamos de Deus o grande dom da plena unidade e a capacidade de o acolher nas nossas vidas. E nunca nos esqueçamos de rezar uns pelos outros», concluiu o papa.


Após a celebração, Francisco e Bartolomeu assinaram uma declaração conjunta em que reiteram a vontade de continuar o caminho para a «unidade plena entre todos os cristãos, e sobretudo entre católicos e ortodoxos» e expressam «preocupação» pelos conflitos no Médio Oriente, acentuando que não se resignam a que a região fique sem cristãos.


O documento refere-se igualmente ao «ecumenismo de sofrimento»: «Tal como o sangue dos mártires foi semente de fortaleza e fecundidade para a Igreja, assim também a partilha dos sofrimentos diários pode ser um instrumento eficaz de unidade. A dramática situação dos cristãos e de todos aqueles que sofrem no Médio Oriente exige não só uma oração constante, mas também uma resposta apropriada por parte da comunidade internacional».

O texto salienta a importância «da promoção dum diálogo construtivo com o islão», exorta os líderes religiosos «a continuarem com maior intensidade o diálogo inter-religioso e fazerem todo o esforço possível para se construir uma cultura de paz e solidariedade», e apela à paz na Ucrânia.


 

Rui Jorge Martins
Publicado em 30.11.2014 | Atualizado em 24.04.2023

 

 

 
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