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Flumenfest: Igreja católica organiza 1.º Festival Internacional de Cinema do Minho

Imagem D.R.

Flumenfest: Igreja católica organiza 1.º Festival Internacional de Cinema do Minho

O Auditório Vita, estrutura integrada na arquidiocese de Braga, organiza de 3 a 8 de março de 2015 o 1.º Festival Internacional de Cinema do Minho, o "FlumenFest", com inscrições que decorrem até 15 de janeiro.

São admitidos à competição internacional de longas-metragens filmes de duração igual ou superior a 60 minutos, produzidos entre 2012 e 2014, enquanto que às curtas metragens podem concorrer trabalhos com duração inferior ou igual a 30 minutos.

O regulamento também determina que os filmes a concurso podem ser documentários, ficção, animação ou experimentais, não sendo aceites trabalhos de caráter comercial ou institucional.

A equipa coordenadora do festival é composta por Marc Monteiro, diretor do Auditório Vita, e Inês Gil, professora de Cinema e realizadora que integra a organização do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

A par da programação cinematográfica, centrada no tema "Ao encontro do outro", a iniciativa pretende reunir «outras linguagens de reflexão», estando já anunciadas as participações do cineasta Gonçalo Tocha e do cantor Manuel Fúria.

«Na música, concertos de vários géneros que irão proporcionar noites inspiradoras... Na arte contemporânea, com exposições fotográficas e instalações vídeo, e para promover a região do Minho, nada melhor do que o artesanato local e a gastronomia», aponta o site do festival.

No enquadramento programático da iniciativa, de que reproduzimos seguidamente alguns excertos, é sublinhado que o "FlumenFest" «pretende dar corpo à riqueza simbólica do cinema como lugar de habitação humana».

O festival pretende «gerar comunidades de encontro disponíveis para pensar e sentir em comum», «ser um rio de luz na epifania e diafania de vozes, de sons, de imagens, de corpos, de rostos e sentimentos entrelaçados e iluminados pela criatividade fecunda», «ser um bálsamo pascal de inspiração no meio das angústias do humano contemporâneo», e «um apelo à arte de sonhar a vida experienciando-a».

 

Sobre o "FlumenFest"

«O cinema “dá que pensar” (donne à penser). É com esta paráfrase que o "FlumenFest" pretende dar corpo à riqueza simbólica do cinema como lugar de habitação humana. O cinema na sua potência simbólica é um apelo ao ato criativo que transcreve e reinscreve a matéria e a forma das coisas. É um pensar por imagens. É um olhar a vastidão do mundo para sentir diversamente a beleza criatural. É um ato vivente que suscita e mobiliza a nossa atenção para um outro modo possível de nos relacionarmos. O cinema é na sua essência ato simbólico que, indo além da expressão indicativa, presentifica uma visão imaginada das coisas. Sabedoria do olhar e do ver. É na sua essência um possível ato de transfiguração do quotidiano ambivalente!»

«A palavra latina flumen é já presença simbólica iluminante. Da sua raiz nasce duas ramificações originárias vitais: flumen (rio) e lumen (luz). Na sua essência, "Flumenfestival" é evocação do monumental ato poético da visão de João no livro do Apocalipse: "Mostrou-me, depois, um rio de água viva, límpido como cristal […] No meio da praça da cidade e nas margens do rio está a árvore da Vida que produz frutos doze vezes ao ano; em cada mês o seu fruto, e as folhas das árvores servem de medicamento para as nações” (Ap 22, 1-2).»

«Nesta mobilização do sentir humano sob a luz da graça transformante, o cinema autêntico é lugar de imaginação de novos laços entre os humanos e de recriação dos traços do invisível no quotidiano. Essência do cinema é ser forma das imagens, espaço de atenção poética do sentido da vida. A sétima arte é síntese sinfónica de artes e saberes (desde a escrita à pintura, da fotografia à música, da dança à encenação, dos costumes aos rituais, da antropologia à ciência, da teologia à metafísica…).»

O cinema autêntico – metáfora da vida que se autotranscende no dom de si à vida do outro – não simula a complexidade da existência, resolvendo-a numa encenação ligeira sem profecia nem apelação. Na sua completude de arte, o cinema narra a possibilidade de uma nova gramática existencial do crer. Crer fiducial, de acolhimento e de doação, imaginando possíveis confins de habitação humana. Uma gramática paulatinamente a interiorizar mediante uma iniciação ao sensível. O cinema “é uma configuração sensível da verdade do mundo, criador de uma verdade do contemporâneo” – escreve o dramaturgo Alain Badiou.»

«É nesta linha de abertura à diferença expressiva e criativa, de autores e temas diversificados, de proveniências múltiplas, de imagens e sensações, de pensamentos e vontades, de silêncios e diálogos, que auguramos que o "FlumenFest" ajude a desvelar visões outras e modos outros de habitar fraternalmente este nosso mundo. É neste sonho tão possível que condividimos o suspiro do imemorial cineasta Andrei Tarkovski: “o sentido do homem sob esta terra é elevar-se espiritualmente, a arte serve para o homem se elevar espiritualmente, elevar-se além de si mesmo”.»

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 09.10.2014 | Atualizado em 24.04.2023

 

 

 
Imagem D.R.
Nesta mobilização do sentir humano sob a luz da graça transformante, o cinema autêntico é lugar de imaginação de novos laços entre os humanos e de recriação dos traços do invisível no quotidiano
Na sua completude de arte, o cinema narra a possibilidade de uma nova gramática existencial do crer. Crer fiducial, de acolhimento e de doação, imaginando possíveis confins de habitação humana
É neste sonho tão possível que condividimos o suspiro do imemorial cineasta Andrei Tarkovski: “o sentido do homem sob esta terra é elevar-se espiritualmente, a arte serve para o homem se elevar espiritualmente, elevar-se além de si mesmo”
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