O 21.º Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, CineEco, que decorre na Casa da Cultura de Seia entre 10 e 17 de outubro, vai ser inspirado na mais recente encíclica do papa Francisco, "Louvado sejas".
Os organizadores da iniciativa consideram que o documento «sobre o cuidado da casa comum» publicado em maio deste ano é «um importante manifesto que coloca pela primeira vez a Igreja Católica no centro do debate ambientalista e climático».
«A Encíclica é um documento extraordinário, que tem sido saudado por líderes religiosos, ambientalistas, investigadores, dirigentes de organizações internacionais e naturalmente inspirou a organização do CineEco 2015», sublinham.
O texto de Francisco, refere a nota de apresentação do festival, também «antecipa de alguma forma a discussão da Conferência Mundial sobre as Alterações Climáticas, em novembro próximo».
O programa do «único festival de cinema em Portugal dedicado à temática ambiental» apresenta cerca de 80 filmes, de 20 países, repartidos por várias secções competitivas, como as Longas e Curtas Internacionais, Séries e Documentários de Televisão, Longas e Curtas da Lusofonia e Panorama Regional.
As obras selecionadas «manifestam a preocupação e o reconhecimento da responsabilidade da mão humana no aquecimento global» e a necessidade de se mudar o «estilo de vida, para salvar o planeta».
As longas-metragens da Competição Internacional abrangem «filmes que advogam as várias ramificações da crise ambiental mundial, que são abordadas no texto do papa Francisco».
«Mudar o nosso estilo de vida», «substituição dos combustíveis fósseis», «biodiversidade», «água, energia e resíduos», «poluição do ar», «tecnologia» e «catástrofes naturais provocadas pelas alterações climáticas» são questões colocadas pela encíclica com tradução em vários filmes.
Entre as atividades paralelas inclui-se uma conferência sobre «alterações climáticas» com as intervenções de D. Manuel Felício, bispo da Guarda, Francisco Ferreira, da associação ambientalista Quercus, e Filipe Duarte Santos, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
O debate, moderado por Francisco Teixeira (Agência Portuguesa de Ambiente), realiza-se a 17 de outubro, às 14h30, no Centro de Interpretação da Serra da Estrela, em Seia.
O festival abre com a antestreia de "A hora do lobo", de Jean Jacques-Annaud, realizador de "Sete anos no Tibete", "O nome da rosa" e "O urso", filme que na semana seguinte chega às salas de cinema.
O filme de encerramento, "Muros e o tigre", da realizadora Sushma Kallam, é um documentário rodado na Índia que analisa a necessidade de equilíbrio entre progresso económico, a inclusão social, a defesa do ambiente e a integração da industrialização e agricultura de forma sustentável, temas que, direta e indiretamente, fazem parte da encíclica "Louvado sejas".
Rui Jorge Martins