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Espiritualidade e cultura encontram-se na Quaresma e Tríduo Pascal em Braga

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Espiritualidade e cultura encontram-se na Quaresma e Tríduo Pascal em Braga

A espiritualidade e a cultura cristãs voltam a encontrar-se no programa para a Quaresma, Semana Santa e Tempo Pascal que o Cabido da Sé de Braga organizou para a cidade, em conjunto com outros organismos eclesiais e civis.

A brochura digital com a agenda começa por apresentar um enquadramento histórico e teológico das manifestações religiosas associadas à Quaresma, que começa hoje, Quarta-feira de Cinzas.

«Tal como se realiza na atualidade, nomeadamente no plano das celebrações populares, a Semana Santa continua uma tradição que vem, pelo menos, do século XVI, com desenvolvimentos e variações no decurso do tempo, tendo sido enriquecida com elementos inovadores e exclusivos», refere a introdução.

O texto explica que «o ciclo da Páscoa celebra o mistério central da Morte e Ressurreição de Cristo, também conhecido como Mistério Pascal ou Mistério da Redenção. Preparado pela Quaresma, tem o seu ponto alto nos dias “maiores” da Semana Santa, com o epicentro na Vigília Pascal, comemorativa da grande “Páscoa” ou “passagem” do povo hebreu, após a travessia do deserto, da escravidão no Egipto para a liberdade na Terra de Israel».

No plano cultural, os eventos, patrocinados por instituições civis e ligadas à Igreja católica, começam hoje com a inauguração da exposição “Paixão de sempre, Dores de hoje”, escultura e pintura de Ricardo Campos e Bruno Marques patentes no Museu Pio XII até 5 de abril.

De 5 março a 5 de abril está patente a exposição fotográfica “A Semana Santa nas montras de Braga”, e ao longo destes dois meses várias cidades vão poder apreciar a exposição itinerante sobre a “Semana Maior” bracarense.

“Cristo sofreu por nós”, artesanato de Barcelos relacionado com a Paixão de Cristo, da autoria de Maria de Jesus Pias, é a proposta que o Tesouro-Museu da Sé de Braga apresenta de 6 de março a 6 de abril.

Também a 6 de março, o Hospital de Braga expõe bandeiras processionais da arquidiocese bracarense, que podem ser vistas até 9 de abril.

Os trabalhos premiados da 6.ª edição do concurso de fotografia sobre a Semana Santa serão exibidos de 7 de março a 12 de abril no Museu da Imagem.

A 13 de março, às 21h30, o coro e orquestra do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian atuam na sé.

“Dois ou três reunidos em meu nome… a Burrinha de Braga” é o título da mostra fotográfica patente de 16 de março a 12 de abril na Galeria do Instituto Português do Desporto e Juventude.

A agenda prossegue no domínio da imagem com a inauguração, a 18 de março, no Centro Cultural de A Guarda, na Galiza, Espanha, da mostra “A arte sagrada”, de Porto Maia, que pode ser visitada até 16 de abril.

A 20 de março está prevista a abertura de três exposições: a Casa dos Crivos acolhe “Encontros com Cristo”, obras de João Osvaldo Rodrigues (até 18 de abril); o centro comercial Braga Parque apresenta a mostra de cartazes “Semana Santa de Braga – Uma história gráfica” (até 10 de abril); e a Câmara Municipal de Barcelos expõe “Pedra angular”, pintura de Carmen Faria e escultura de Sérgio Pinheiro (até 12 de abril).

Também no dia 20, às 21h30, a Orquestra de Câmara do Distrito de Braga, o Coro dos Pais do Conservatório de Música de Braga, o Coro Manuel Giesteira de Amorim e Laúndos, acompanhados por solistas de Braga, interpretam o “Requiem”, de Mozart, na sé.

Para 21 de março está marcada a inauguração da exposição de artigos religiosos “Cristo… por amor a nós”, na Galeria da Junta de Freguesia de S. Victor, e a igreja homónima recebe, às 21h30, o Coro de Baiona la Real.

“A Semana Santa de Braga nos arquivos da cidade”, exposição de documentação histórica, está disponível de 23 março a 10 abril na Galeria do Salão Medieval da Reitoria da Universidade do Minho.

O Coro Polifónico da Lapa (Porto) e a Orquestra Sine Nomine atuam no dia 27, às 21h30, na igreja do Hospital de S. Marcos, com “O esplendor da música sacra no barroco italiano”, são as propostas que se seguem no programa.

A 26 e 27 março realiza-se na capela de Guadalupe um ciclo de leituras bíblicas sobre o tema “E ao terceiro dia…”, numa alusão à ressurreição de Jesus.

De 28 março a 7 abril a igreja de Santa Cruz acolhe a exposição “Salve, Crux Sancta”. Estão também planeadas exposições de Luís de Matos (“Eu Kristus... Missão 2090”) e Adriana Henriques (“Maria só Maria”), em local a confirmar.

“As sete últimas palavras de Cristo na cruz”, de Haydn, vão ser apresentadas a 30 de março, já na Semana Santa, às 21h30, pelo Coro e Orquestra Académica da Universidade do Minho, na igreja de Santa Cruz.

A catedral volta a receber um concerto, no dia 31, igualmente às 21h30, com o Coro da Sé Catedral do Porto, incluindo orquestra e solistas, que interpreta “O Gólgotha”, de Frank Martin.

Na quarta e quinta-feira da Semana Santa, 1 e 2 de abril, grupos de farricocos, com música de percussão e matracas percorrem o centro pedonal de Braga.

A 17 de abril realiza-se na loja “Fnac” do Braga Parque a sessão de entrega de prémios do concurso de fotografia 2015.

O ciclo de conferências “Olhares sobre Economia, Cultura, Política e Família” está também integrado nas celebrações quaresmais da cidade. A iniciativa, que decorre no Auditório Vita, prossegue esta sexta-feira com João Lobo Antunes, Fernando Santos, Henrique Leitão e Felisbela Lopes, que debatem o tema da “cultura”.

Assunção Cristas, José Junqueiro, Miguel Morgado e Pedro Brazão refletem sobre a “política”, a 13 de março, e António Pinto Leite, Rosário Carneiro, Margarida Cordo e Paulo Rocha falam sobre a família no dia 20, em sessões que começam sempre às 21h00.

O programa religioso compreende a missa e imposição das Cinzas, vias-sacras, procissão penitencial ao Bom Jesus do Monte, a trasladação do Senhor dos Passos, as procissões dos Passos, da Burrinha, do Senhor "Ecce Homo" e do Enterro do Senhor, além das liturgias da Semana Santa, entre outras celebrações.

A procissão dos Passos de 29 de março, Domingo de Ramos, «pórtico de entrada da Semana Santa», apresenta «em quadros alegóricos e encenação dramática» o Evangelho da Paixão de Jesus, seguindo o itinerário dos “Passos” ou “Calvários” artisticamente evocados no centro histórico bracarense. «Nela desfilam as figuras que intervieram no julgamento, condenação e morte de Jesus: soldados, algozes e inimigos; mas também Cireneus amigos, Madalenas arrependidas e piedosas mulheres», que se juntam no "Sermão do Encontro", que assinala o encontro entre Cristo e sua mãe.

A Procissão da Burrinha, a 1 de abril, Quarta-feira Santa, «apresenta a pré-história do Mistério Pascal de Jesus que a Igreja celebra nos dias seguintes. Desde o chamamento de Abraão, passando pela era dos Patriarcas, pela escravidão no Egipto e gesta libertadora de Moisés (prefiguração de Cristo), até à infância de Jesus, incluindo a sua fuga para aquele país com José e Maria com o Menino montada numa burrinha, desfilam, em sucessão cronológica e em verdadeira catequese viva, profetas, reis, figuras eminentes, símbolos e quadros bíblicos do Antigo Testamento».

Por seu lado, a Procissão do Senhor "Ecce Homo", na Quinta-feira Santa, evoca o «julgamento de Jesus, ao mesmo tempo que celebra a misericórdia por Ele ensinada. Abre o cortejo o exótico grupo dos farricocos com grosseiras vestes de penitência, descalços e encapuçados, de cordas à cinta, como outrora os penitentes públicos, uns empunhando matracas e outros alçando fogaréus (taças com pinhas a arder)».

«Integrados na procissão, os fogaréus evocam os guardas que, munidos de archotes, foram, de noite, prender Jesus», além de «muitas figuras alegóricas da Ceia e do julgamento de Jesus», a par das «alegorias das catorze obras de misericórdia, bem como figuras históricas ligadas à fundação e à história das Misericórdias, especialmente à de Braga.»

Na Sexta-feira Santa, após a celebração da Morte do Senhor, na sé, realiza-se a "Procissão Teofórica do Enterro", «costume trazido de Jerusalém pelo Convento de Vilar de Frades, no séc. XV ou XVI, daí passando a muitas catedrais».

«Nesta impressionante procissão, o Santíssimo Sacramento, encerrado num esquife coberto de um manto preto, é levado pelas naves da Catedral — daí o nome de procissão teofórica (que transporta Deus) — e deposto em lugar próprio para a veneração dos fiéis. Os acompanhantes cobrem o rosto em sinal de luto. Dois meninos ou duas senhoras, alternando com responsórios do coro, cantam em latim "Heu! Heu! Domine! Heu! Heu! Salvator noster!" (Ai! Ai! Meu Senhor! Ai! Ai! Salvador nosso!).»

Às 22h00 da Sexta-feira Santa sai da sé a Procissão do Enterro do Senhor, «de todas a mais solene e comovente — leva pelas ruas da Cidade o esquife do Senhor morto. Acompanham-no aquelas e outras irmandades, cavaleiros das Ordens Soberana de Malta e do Santo Sepulcro de Jerusalém, Capitulares da Sé, corporações diversas e autoridades. Vão também os andores da Santa Cruz e da Senhora das Dores».

«Em sinal de luto, os Capitulares e os membros das Confrarias vão de cabeça coberta. Para mostrar a sua dor, as figuras alegóricas ostentam um véu de luto. As matracas dos farricocos vão silenciosas. As bandeiras e estandartes, com tarja de luto, arrastam-se pelo chão.»

Na mensagem para a Quaresma, o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, frisa que as celebrações religiosas não se reduzem à sua «beleza exterior», e convida os «muitos turistas» que visitam a cidade durante a Semana Santa a aperceberem-se de que a Igreja «não se contenta em repetir tradições».

«A liturgia é um encontro com Deus vivo e que nos dá a sua vida. Pela fé, que experimenta o amor de Deus que morre pelo seu povo, queremos construir um mundo novo onde resplandeça a dignidade de todos», acentua o prelado.

A Quaresma é um período de 40 dias, exceto os domingos, que começa na Quarta-feira de Cinzas e termina na Quinta-feira Santa (este ano a 2 de abril).

A espiritualidade deste período, orientada para a celebração da morte e ressurreição de Jesus, concentrados no denominado Tríduo Pascal (de Quinta-feira Santa a Domingo de Páscoa), apela a maior intensidade na oração, jejum e partilha de bens.

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 18.02.2015 | Atualizado em 25.04.2023

 

 

 
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A Procissão da Burrinha, a 1 de abril, Quarta-feira Santa, «apresenta a pré-história do Mistério Pascal de Jesus que a Igreja celebra nos dias seguintes. Desde o chamamento de Abraão, passando pela era dos Patriarcas, pela escravidão no Egipto e gesta libertadora de Moisés (prefiguração de Cristo), até à infância de Jesus, incluindo a sua fuga para aquele país com José e Maria com o Menino montada numa burrinha, desfilam, em sucessão cronológica e em verdadeira catequese viva, profetas, reis, figuras eminentes, símbolos e quadros bíblicos do Antigo Testamento»
A Procissão do Senhor "Ecce Homo", na Quinta-feira Santa, evoca o «julgamento de Jesus, ao mesmo tempo que celebra a misericórdia por Ele ensinada. Abre o cortejo o exótico grupo dos farricocos com grosseiras vestes de penitência, descalços e encapuçados, de cordas à cinta, como outrora os penitentes públicos, uns empunhando matracas e outros alçando fogaréus (taças com pinhas a arder)»
Às 22h00 da Sexta-feira Santa sai da sé a Procissão do Enterro do Senhor, «de todas a mais solene e comovente — leva pelas ruas da Cidade o esquife do Senhor morto. Acompanham-no aquelas e outras irmandades, cavaleiros das Ordens Soberana de Malta e do Santo Sepulcro de Jerusalém, Capitulares da Sé, corporações diversas e autoridades
Na mensagem para a Quaresma, o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, frisa que as celebrações religiosas não se reduzem à sua «beleza exterior», e convida os «muitos turistas» que visitam a cidade durante a Semana Santa a aperceberem-se de que a Igreja «não se contenta em repetir tradições»
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