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É «necessário fazer todo o possível para conciliar critérios de sustentabilidade económica com a manutenção e a criação de postos de trabalho», considera a plataforma "Compromisso Social Cristão" em nota para o próximo Dia do Trabalhador, que se assinala na segunda-feira, 1 de maio.
O texto, enviado ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, sublinha que é «urgente apoiar quem não tem trabalho, para que consiga de novo voltar a tê-lo, dinamizando espaços e dinâmicas ágeis de promoção da empregabilidade».
«E é imperioso acabarmos com a triste realidade dos chamados “trabalhadores pobres”, isto é, aqueles que, mesmo tendo um trabalho a tempo inteiro, vivem em situações de pobreza devido aos baixos salários. Remuneração justa e condições dignas são fundamentais para garantir o futuro de todos», acentua a declaração.
A plataforma é composta pela Associação Cristã de Empresários e Gestores, Ação Católica Rural, Cáritas Portuguesa, Comissão Nacional Justiça e Paz, Juventude Operária Católica, Liga Operária Católica e Sociedade de São Vicente de Paulo.
A «opção pelos mais pobres, especialmente aqueles que não têm emprego ou têm um emprego precário» proposta pelo organismo é um dos nove «caminhos de futuro», encabeçados pela «conversão pessoal de cada um ao Amor de Deus» e pela vivência do trabalho «em nome de Cristo».
«A procura da unidade de vida e de uma ecologia do trabalho», «a necessidade de aumentar o diálogo e a cooperação nas empresas», «a formação e acompanhamento dos líderes empresariais», «o acompanhamento e formação das novas gerações de trabalhadores» e a responsabilidade de todos pelo «consumismo» são igualmente pistas a seguir para adequar a realidade laboral aos critérios cristãos.
O elenco de propostas finaliza com a indispensabilidade de transformar as «estruturas políticas e económico-sociais», sem o qual «não se atua nas causas profundas da degradação do trabalho humano».
«Por isso, é necessário que os cristãos procurem não só a "conversão pessoal" referida, mas assumam uma intervenção ativa e permanente nessas estruturas», o que implica «intervir mais, pessoalmente ou em grupo, nos locais de trabalho e de residência, nas associações locais, sindicais e empresariais, nas forças políticas, nos órgãos de soberania e em todas as instâncias onde se pode influenciar a vida da comunidade humana».
Essa ação passar por denunciar «as situações que não promovem a dignificação do trabalho e não colocam a Pessoa Humana no centro de toda a vida económica. Esta denúncia é uma forma de testemunhar Cristo e o seu Amor».
«Acreditamos que, se formos capazes de viver convertidos ao Evangelho, cada uma das nossas organizações pode tornar-se cada vez mais um espaço de verdadeira comunidade de pessoas. Acreditamos que é possível iniciar esta revolução que o Papa Francisco sugere e aspirar a uma nova organização da sociedade e do trabalho», assinala a declaração.
O texto começa por observar múltiplas realidades negativas no mundo do trabalho, como «o elevado nível de desemprego» e o seu «impacto na vida de muitas pessoas», a «precariedade dos vínculos laborais», o «impacto do trabalho na família e na saúde», a «falta de investimento», a ausência «de escala e produtividade de muitas empresas», um «Estado frágil que anualmente gasta mais do que recebe», e a «falta de valores éticos».
Perante esta conjuntura, a plataforma reafirma «que a Pessoa Humana é protagonista, centro e fim de toda a vida económica», «que o trabalho para todos é um elemento essencial da justiça social», que pelo trabalho se é co-criador do mundo com Deus, que «a atividade empresarial é uma das chaves da questão social», que «as empresas são comunidades de pessoas e famílias» e que «o mercado tem potencialidades, mas também limites».