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Cultura ocidental «negligenciou o belo ao reduzi-lo a algo puramente decorativo», diz P. Marko Rupnik

O padre e artista Marko Rupnik, autor do painel de mosaicos por trás do altar da basílica da Santíssima Trindade, em Fátima, considera que a «cultura ocidental deu precedência à verdade e ao bom».

«Certamente negligenciou o belo ao reduzi-lo a algo puramente decorativo e não absolutamente necessário como o verdadeiro e o bom», afirmou em entrevista publicada na mais recente edição do semanário "Igreja Viva", suplemento do "Diário do Minho", da arquidiocese de Braga.

Envolvido no projeto da nova igreja da paróquia de Canidelo, Vila Nova de Gaia, o sacerdote esloveno, em declarações à jornalista Flávia Barbosa, observa que «a raiz etimológica da cultura refere-se ao culto, e a arte tem sido certamente a primeira grande inculturação realizada».

«A própria teologia tem a arte, e não a filosofia, como o seu primeiro amor. A arte tem sempre uma ligação com a vida, enquanto o pensamento, o conceito e a ideia levam-nos à abstração. Apenas a partir de uma nova vida é que uma nova arte e cultura nascerão», aponta.

O religioso jesuíta revela que a sua «primeira inspiração é a Palavra de Deus» e que, na arte litúrgica, «o guia principal é o Concílio Vaticano II», que «convida a reler aquele grande período que foi o primeiro milénio, a era patrística» e a procurar iluminação nos «fortes períodos da arte dos cristãos, como o românico, o primeiro bizantino».

«O objetivo principal de todas as obras que visam construir espaços litúrgicos é o de criar lugares que expressem a Igreja, lugares onde o fiel encontra e reencontra a sua identidade. As paredes da igreja são imagens da Igreja, e isso significa que não é apenas um espaço, mas um espaço que reflete aqueles que vivem nele», vinca.

Por isso «o espaço litúrgico, mesmo quando não está presente nenhuma liturgia, permanentemente anuncia e revela, manifesta e celebra o que a Igreja é», através de uma linguagem «simbólica», ou seja, «que encerra em si mesma uma profundidade que se abre num relacionamento» envolvente.

O P. Rupnik defende que «a ditadura da imagem tomou conta da ditadura do conceito e da ideia, mas ambos sofrem de unilateralidade» e constata que «a abordagem [na escola] é unilateral, científica, analítica, ideal, conceitual», faltando «quase na totalidade uma abordagem simbólica, metafórica, poética e artística». E «sem uma mentalidade e uma linguagem simbólica, o amor não é conhecido».








 

SNPC
Publicado em 26.04.2023

 

 

 
 
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