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Diálogo

Conhecer para agir

«O que é mais importante (criar, manter, repensar) na relação da Igreja com a Cultura?»

O que te peço, Senhor, é a graça de ser. Não te peço mapas, peço-te caminhos.
Tolentino Mendonça

1. O Papa Bento XVI não tem poupado esforços no sentido de trazer à consciência coletiva e, em particular, aos meios cristãos, uma leitura da realidade cultural, económica e social iluminada pela fé e a matriz dos valores evangélicos propostos pelo cristianismo como valores de humanidade.
Ao longo do seu pontificado, têm-se sucedido encíclicas e mensagens versando os grandes problemas do mundo contemporâneo e os desafios que se levantam à construção da justiça, da paz e do desenvolvimento dos povos. Segue, assim, uma tradição pontifícia que remonta ao Papa Leão XIII e de que foi expoente inaugural a famosa encíclica Rerum Novarum.

De então para cá, o povo cristão e a humanidade (os homens e mulheres de boa vontade, na linguagem das encíclicas e mensagens papais) contam com um pensamento decorrente do Evangelho acerca da realidade socioeconómica. Podemos, porém, perguntar: será que a este ministério profético do Magistério da Igreja têm os cristãos e suas comunidades correspondido, procurando conhecer e atualizar esse pensamento e, mais especificamente, ousando torná-lo uma prática dos seus comportamentos e empenhamentos específicos de ação no mundo em que vivem? Ou, pelo contrário, o ensinamento dos Pontífices tem passado ao lado das pregações, catequeses de crianças, jovens e adultos, como se tratasse de questão menor da vida cristã e matéria opcional? Em que medida está presente na formação dos seminaristas e dos líderes das comunidades cristãs e nos cursos de teologia em geral?

 

2. No que diz respeito à Igreja portuguesa, tenho observado que, nos últimos anos, tem havido maior investimento e cuidado em dar a conhecer aos fiéis leigos o pensamento social da Igreja, mas creio que tal esforço, por ora, abrange uma minoria de pessoas e comunidades e, o que é também preocupante, é lido e interpretado ao gosto das diferentes sensibilidades, interesses e ideologias particulares. As comemorações do 50º aniversário do começo do Concílio Vaticano II constituem um excelente incentivo a que se revisite o papel profético da Igreja na sua relação com o mundo e tenho esperança que assim possa suceder e que tal abra caminho a uma Igreja mais profética, sinal de esperança neste mundo tão complexo, perturbado e sem bússola, em que vivemos.

 

3. Por outro lado, convém acrescentar que o pensamento social da Igreja não se circunscreve ao domínio das ideias ou das meras especulações filosóficas, mas tem sempre subjacente um apelo à mudança de atitudes, comportamentos e formas de organização da economia e da vida em sociedade, a que importa corresponder com iniciativas que vão ao encontro dessas orientações. Por isso, falar e refletir sobre o pensamento social da Igreja deve situar-se num duplo registo: o do conhecimento do texto e o da conversão da mente e do coração que leve a um novo agir e assumir de responsabilidades nas circunstâncias concretas em que nos movemos e existimos.

Os cristãos estão presentes em todas as estruturas e expressões da vida económica e da sociedade. São professores e educadores, empresários, sindicalistas, políticos, investigadores, artistas … partilham das alegrias e esperanças, das angústias e tristezas dos seus contemporâneos, mas anima-os a fé em Jesus Cristo e no seu projeto do Reino da Verdade, da Justiça, do Amor e da Paz de que hão de ser artífices e profetas, em palavras e em obras.

A vida na comunidade eclesial servirá justamente para celebrar e encorajar os caminhos a percorrer.

 

Manuela Silva
Professora catedrática jubilada
© SNPC | 10.06.12

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John Heseltine / Corbis




































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