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Congresso sobre Lutero organizado pelo Vaticano seria «impensável» há não muito tempo, afirma papa

Congresso sobre Lutero organizado pelo Vaticano seria «impensável» há não muito tempo, afirma papa

Imagem Martinho Lutero | D.R.

O papa recebeu hoje, no Vaticano, os participantes, no congresso sobre Martinho Lutero organizado pelo Comité Científico de Ciências Históricas, tendo confessado o seu «espanto» pelo facto de «há não muito tempo» um encontro do género ser considerado «impensável».

Francisco começou por expressar o sentimento de «gratidão a Deus» pela «louvável iniciativa» do organismo que integra a professora catedrática portuguesa Maria de Lurdes Correia Fernandes, vice-reitora da Universidade do Porto e doutorada em Cultura Portuguesa.

«Falar de Lutero, católicos e protestantes juntos, por iniciativa de um organismo da Santa Sé: tocamos verdadeiramente com as mãos os frutos da ação do Espírito Santo, que ultrapassa toda a barreira e transforma os conflitos em ocasiões de crescimento na comunhão», declarou.

Para Francisco, «aprofundamentos sérios» sobre Lutero (1483-1546) e «a sua crítica contra a Igreja do seu tempo e o papado contribuem certamente a superar aquele clima de mútua desconfiança e rivalidade que por demasiado tempo no passado caracterizou as relações entre católicos e protestantes».

«O estudo atento e rigoroso, livre de preconceitos e polémicas ideológicas, permite à Igreja, hoje em diálogo, discernir e assumir quanto de positivo e legítimo houve na Reforma, e distanciar-se de erros, exageros e falhas, reconhecendo os pecados que levaram à divisão», prosseguiu o papa.



«Hoje, como cristãos, somos todos chamados a libertar-nos de preconceitos em relação à fé que os outros professam com um acento e uma linguagem diferente, a trocar reciprocamente o perdão pelas culpas cometidas pelos nossos pais e a invocar juntos de Deus o dom da reconciliação e da unidade»



Ainda que todos estejam «bem conscientes de que o passado não pode ser mudado», é possível, «após 50 anos de diálogo ecuménico entre católicos e protestantes», operar «uma purificação da memória, que não consiste em realizar uma impraticável correção de quanto aconteceu há 500 anos», mas em contar essa história «de maneira diferente».

Dessa forma será possível não voltar a ter presente os «vestígios» do «rancor pelas feridas sofridas que deforma a visão» que católicos e luteranos têm uns dos outros, sublinhou Francisco, que entre 31 de outubro e 1 de novembro de 2016 se deslocou à Suécia por ocasião da comemoração comum luterano-católica da Reforma.

«Hoje, como cristãos, somos todos chamados a libertar-nos de preconceitos em relação à fé que os outros professam com um acento e uma linguagem diferente, a trocar reciprocamente o perdão pelas culpas cometidas pelos nossos pais e a invocar juntos de Deus o dom da reconciliação e da unidade», frisou.

O presidente do Comité Científico de Ciências Históricas recordou, em declarações ao jornal italiano "La Stampa", que «Lutero foi percecionado nos séculos passados como a incarnação do diabo».

«Hoje não se trata de dizer que o que Lutero fez é bom, mas podemos explicar os acontecimentos que levaram à reforma e aos desenvolvimentos que se lhe seguiram», afirmou o padre Bernard Ardura.

«Devemos ser prudentes nas nossas palavras e permanecer sempre fiéis à própria fé. Abrir-se é um risco, mas creio que vale a pena ser-se corajosos», assinalou o responsável.

O congresso internacional "Lutero 500 anos depois. Uma releitura da reforma luterana no seu contexto histórico e eclesial" começou quarta-feira, em Roma, terminando hoje.



 

SNPC
Fonte: Sala de Imprensa da Santa Sé
Publicado em 31.03.2017

 

 
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