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Conceito nobre de mártir «está pervertido pelo fundamentalismo»

O cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura, do Vaticano, está convicto de que «o conceito tão nobre de mártir está pervertido pelo fundamentalismo islâmico».

A declaração do prelado foi proferida aquando da inauguração de uma exposição dedicada aos mártires (testemunhas) da Igreja ortodoxa da Rússia no século XX, que está patente em Roma até 13 de junho.

«Qualquer violência na religião é uma blasfémia, e esse tipo de martírio é, na realidade, um assassinato. Aqui [na mostra], no entanto, ressalta-se a beleza da fé, que nada destrói», frisou.

O presidente do Conselho Patriarcal para a Cultura (Moscovo) e primaz da Igreja ortodoxa russa na América, metropolita Tikhon, recordou como o conceito de martírio «une as Igrejas católica e ortodoxa»: sob o jugo comunista, os russos ortodoxos foram «compatriotas em espírito» dos primeiros cristãos perseguidos em Roma.

A exposição interativa organizada pelo patriarcado ortodoxo de Moscovo, que já passou por cidades russas, relata os atos antireligiosos cometidos pelos bolcheviques a partir de 1917. A vontade de erradicar toda a crença religiosa foi uma das principais dimensões do projeto de Lenine.



A aproximação entre a Santa Sé e o patriarcado de Moscovo tem sido concretizada com iniciativas de carácter espiritual e cultural, como foi o caso do empréstimo das relíquias de S. Nicolau, conservadas há 930 na cidade italiana de Bari, que foram expostas em julho em Moscovo e S. Petersburgo



O revolucionário considerava que a religião era semelhante a «uma espécie de álcool espiritual no qual os escravos do capital negavam a sua imagem humana e a sua reivindicação de uma existência tão pouco digna do homem».

Em 1932 Estaline lançou como aposta do seu plano quinquenal, enquanto «solução final» da questão religiosa, "Sem Deus em 1937". Esta ação viria a modificar consideravelmente a paisagem espiritual russa: entre 1927 e 1940 o número de igrejas ortodoxas na república soviética caiu de 29 584 para menos de 500.

Esta "limpeza" foi acompanhada pela morte e posterior canonização de personalidades eminentes na defesa da fé, como os metropolitas Vladimir de Kiev (1918) e Benjamim de S. Petersburgo (1922), bem como da grã-duquesa Isabel da Rússia, massacrada com toda a família imperial em julho de 1918, depois de se ter tornado monja dedicada aos mais pobres, no seguimento do assassinato do marido.

A aproximação entre a Santa Sé e o patriarcado de Moscovo tem sido concretizada com iniciativas de carácter espiritual e cultural, como foi o caso do empréstimo das relíquias de S. Nicolau, conservadas há 930 na cidade italiana de Bari, que foram expostas em julho em Moscovo e S. Petersburgo.

O secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, realizou em agosto uma visita considerada histórica à Rússia, os Museus do Vaticano organizaram a exposição "Roma eterna" na prestigiada galeria Tretiakov de Moscovo, e agora o palácio anexo à basílica papal de S. João de Latrão acolhe esta evocação dos mártires ortodoxos russos.

Ravasi destacou as relações de amizade e colaboração com o gabinete do metropolita Tikhon (foi ele – disse - a dar-lhe a cruz peitoral que usa ao pescoço) e falou sobre três notas que emergem da exposição, a começar pelo «ecumenismo do sangue», que une ambas as Igrejas «e é frequentemente citada pelo papa Francisco».

O cardeal italiano realçou igualmente o facto «do martírio cristão ser expresso numa linguagem absolutamente nova, com o uso da cultura digital, mais adaptada à cultura contemporânea» e certeza de que a exposição ser significativa para o diálogo ecuménico e inter-religioso.









 

SNPC
Fontes: Francois Dupas/InfoCatho, Salvatore Tropea/Vatican News
Publicado em 07.06.2018 | Atualizado em 10.10.2023

 

 
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