O Clube de Leitura da paróquia de S. Tomás de Aquino, em Lisboa, assinala esta sexta-feira, 9 de março, os 50 anos do romance “O delfim”, de José Cardoso Pires (1925-1998), publicado em 1968.
«Este encontro é uma oportunidade para reler” O delfim”, obra com uma “força mítica expansiva” que, segundo palavras de Eduardo Prado Coelho, envolve a personagem, o romance, a visão dos leitores e também o que o autor escreveu sobre a obra», sublinha a coordenadora da iniciativa.
Inês Espada Vieira, doutorada em Estudos de Cultura pela Universidade Católica, onde é docente e investigadora, recorda ainda que José Cardoso Pires declarou, em entrevista, que neste volume «o que está em causa é a agonia dum Portugal tradicionalista, incapaz de se moldar aos valores contemporâneos».
«Um Portugal híbrido. De camponeses-operários como eu lhe chamo no romance, e o romance não será outra coisa senão o fim das mitologias do poder rural», explicou o autor em entrevista a Artur Portela.
O encontro, que decorre das 14h30 às 16h30 na paróquia de S. Tomás de Aquino, insere-se na segunda edição do clube de leitura, dedicada ao tema “Este livro deu um filme”, e será apresentado pelo professor e poeta Jorge Fazenda Lourenço, também professor da Universidade Católica, a quem coube a escolha da obra.
A iniciativa prossegue a 26 de abril, às 21h00, com Maria Eduarda Colares a falar sobre “Mataram a cotovia” (Harper Lee, Robert Mulligan) e termina a 23 de maio com “O silêncio” (Shusaku Endō, Martin Scorsese), à mesma hora, com orientação do P. Nélio Pita, responsável pela paróquia de S. Tomás de Aquino.
A paróquia «não é só lugar de culto, mas também de pensamento, debate e ensaio, fazendo da Igreja uma instituição de referência na sociedade», sublinhou o pároco no início de 2017, aquando do lançamento da primeira edição do clube de leitura, projeto aberto à comunidade paroquial e a leitores de fora.