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As chaves para a Teologia ter lugar na cultura estão na tradução e na escuta

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As chaves para a Teologia ter lugar na cultura estão na tradução e na escuta

O diretor do Instituto Universitário de Ciências Religiosas, Alfredo Teixeira, considera que a tradução e a escuta são as chaves para que a Teologia se faça ouvir na cultura portuguesa.

As declarações ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura foram proferidas no âmbito da 5.ª Jornada de Teologia Prática, que debateu esta sexta-feira, na Universidade Católica, em Lisboa, o tema das “intrigantes linguagens da fé”.

Alfredo Teixeira, co-organizador da iniciativa, a par com o padre José Tolentino Mendonça, sustentou que a Igreja continua a ser um lugar de hospitalidade, não obstante o seu discurso ser por vezes qualificado de inflexível.

 

Como é que a Teologia se pode cruzar mais com a cultura?

Procurando o que foi sendo uma competência sua, que é encontrar as formas de tradução do Evangelho de Jesus nos diferentes contextos que foram construindo a experiência cristã.
A Teologia está nessa linha avançada de ler a tradição cristã, ler a memória de Jesus, e encontrar aquilo que é o lugar de interpelação nos diferentes contextos que constroem a contemporaneidade.
Depois, há o lugar de escuta, que consiste em desenvolver ferramentas que lhe permitam compreender o que são os anseios e os enigmas que os nossos contemporâneos vivem, e que encontram nas diversas expressões da cultura, sejam artísticas ou de outras dimensões, um laboratório das questões a fazer-se.
Podemos ver a cultura como esse lugar em que a vida está a fazer-se, e onde encontra expressões de fronteira, expressões por vezes de muita radicalidade, onde se podem encontrar chaves para aquilo que estamos a viver.

 

A Igreja está a conseguir ser esse espaço de tradução e de escuta?

As Igrejas, na sua diversidade, têm essa vocação, e conseguem responder a esse desafio umas vezes melhor, outras pior, porque são habitadas por todas as limitações que os grupos humanos conhecem.
Mas quando comparamos o lugar que as diferentes instituições têm na nossa sociedade, diria que a Igreja, de uma forma geral, conserva a capacidade de agregação, de chamar a si, de ser um lugar de hospitalidade, mesmo quando, sobre determinados assuntos, o seu discurso parece ser muito rígido, e até, por vezes, ser ouvido como uma palavra de condenação. Mas quando chegamos ao terreno, encontramos uma realidade um pouco mais diversificada, uma realidade que se exprime, em muitos casos, como contexto de acolhimento, e onde, a partir do gesto, é possível ir mais longe do que a partir do discurso.
Sob o ponto de vista social, sob o ponto de vista da capacidade de agir sobre a realidade, por vezes aquilo que é o tratamento que fazemos do discurso da Igreja na esfera pública é um ecrã para uma realidade mais complexa e mais vasta. Enquanto antropólogo, julgo que é muito interessante observar esse lugar intersticial, esse lugar entre mundos que é, muitas vezes, o lugar da Igreja. Esse lugar que, em relação aos seus enunciados, à sua linguagem, está à procura das melhores formulações para responder ao desafio de continuar a ser o veículo de uma tradição, mas ao mesmo tempo é um lugar com uma grande abertura para o acolhimento da humanidade.

 

A linguagem é decisiva para a Igreja...

Sim, é decisiva para traduzir e para ouvir. Nós encontramos no modelo de evangelização paulina alguma coisa que deveria incomodar-nos permanentemente, que é a decisão de Paulo de escolher uma evangelização que procura na língua comum, no grego comum, uma língua de negócios, dizer o mistério cristão.
Paulo não é muito simpático para com o fenómeno do chamado dom das línguas - coloca-o sob vigilância. A dado momento ele diz: se houver alguém que fale línguas, pois então que haja alguém que traduza. Esse continua a ser o nosso desafio.

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 14.11.2014 | Atualizado em 28.04.2023

 

 
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Julgo que é muito interessante observar esse lugar intersticial, esse lugar entre mundos que é, muitas vezes, o lugar da Igreja
Paulo não é muito simpático para com o fenómeno do chamado dom das línguas - coloca-o sob vigilância. A dado momento ele diz: se houver alguém que fale línguas, pois então que haja alguém que traduza
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