A exposição "A Bíblia medieval - Do Românico ao Gótico (sécs. XII-XIII) (em diálogo com a pintura de Ilda David)" é inaugurada esta terça-feira na Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), em Lisboa.
A iniciativa «pretende, pela primeira vez, divulgar um valioso conjunto de manuscritos bíblicos iluminados dos acervos da BNP, da Biblioteca Pública de Évora e da Biblioteca da Ajuda», refere o texto de apresentação.
Na mostra «vão ser expostos alguns dos mais notáveis códices da Bíblia existentes em Portugal, constituindo uma oportunidade rara para observar este conjunto de obras reunidas».
Os manuscritos estão organizados em dois núcleos: «O primeiro integra as grandes Bíblias do Românico, com particular destaque para as monumentais Bíblias da Abadia de Santa Maria de Alcobaça, em vários volumes».
A segunda secção remete «para o universo das Bíblias portáteis do século XIII, mostrando as diferenças entre os distintos centros de produção da época», em especial em França, bem como de origem inglesa, catalã ou italiana, a que se juntam «dois manuscritos que terão sido copiados no "scriptorium" de Alcobaça».
O projeto visa «evidenciar as transformações que se registaram na transição das grandes Bíblias Românicas para as pequenas Bíblias Góticas, sendo uma oportunidade para dar a conhecer as obras e os contextos socioculturais em que emergiram».
As dimensões artísticas e materiais, as mudanças na organização dos textos, a ornamentação e programas iconográficos são alguns dos aspetos evidenciados na exposição, que também salienta «a relevância da produção e circulação da Bíblia, não apenas como livro sagrado mas também como objeto de cultura» associado à matriz civilizacional portuguesa.
Paralelamente é exposto «um grupo significativo» de obras da pintora Ilda David, entre as mais de 600 produzidas para os oito volumes da "Bíblia ilustrada", publicados em 2007 pela editora Assírio & Alvim, a partir da tradução setecentista de João Ferreira Annes d'Almeida e adaptação para português contemporâneo de José Tolentino Mendonça.
«Será uma oportunidade e um pretexto para retomar a reflexão em torno das relações texto/imagem, fundamentais para se entender a arte medieval, mas igualmente pertinentes no que diz respeito à criação contemporânea», sublinha a Biblioteca Nacional.
A mostra, com inauguração prevista para as 18h00, fica patente até 21 de maio na Sala de Exposições (piso 2), com entrada livre.
Rui Jorge Martins