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«A Igreja é para todos, sobretudo para os maus»: Papa recorda condenado à morte que se tornou modelo para cristãos

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«A Igreja é para todos, sobretudo para os maus»: Papa recorda condenado à morte que se tornou modelo para cristãos

As palavras que Jesus pronuncia durante a sua Paixão encontram o seu auge no perdão: «Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem». Não são apenas palavras, porque se tornam um ato concreto no perdão oferecido ao “bom ladrão”. S. Lucas descreve dois malfeitores crucificados com Jesus, que a Ele se dirigem com atitudes opostas.

O primeiro insulta-o, como o insultava toda a gente que lá estava, como fazem os chefes do povo, mas impelido pelo desespero: «Não és Tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós». Este grito testemunha a angústia do homem diante do mistério da morte e a trágica consciência de que só Deus pode ser a resposta libertadora: por isso é impensável que o Messias, o enviado de Deus, possa estar na cruz sem fazer nada para se salvar. Não compreendiam o mistério do sacrifício de Jesus. E em vez disso Jesus salvou-nos permanecendo na cruz. E todos nós sabemos que não é fácil permanecer na cruz, nas nossas pequenas cruzes de cada dia. Ele permaneceu sobre esta grande cruz e sofrimento, aí nos salvou, mostrou a sua grande omnipotência e perdoou-nos.

Ali se cumpre a sua doação e amor e brota para sempre a nossa salvação. Morrendo na cruz, inocente entre dois criminosos, Ele atesta que a salvação de Deus pode chegar a qualquer homem em qualquer condição, mesmo a mais negativa e dolorosa, a salvação de Deus é para todos, ninguém está excluído, é oferecida a todos. Por isso o Jubileu é tempo de graça e de misericórdia para todos, bons e maus, aqueles que estão de saúde e aqueles que sofrem. Nada nos pode separar do amor de Cristo. (…)

A Igreja é para todos, não só para os bons ou para aqueles que se creem bons ou pensam sê-lo. A Igreja é para todos, sobretudo para os maus. A quem está pregado numa cama de hospital, a quem vive fechado numa prisão, a quantos estão encurralados pelas guerras, digo: olhai o Crucificado; Deus está convosco, permanece convosco na cruz e a todos se oferece como Salvador.

Deixai que a força do Evangelho penetre no vosso coração e vos console, vos dê esperança e a íntima certeza de que ninguém é excluído do seu perdão. (…) Ninguém é excluído do perdão de Deus, basta que se aproxime, arrependido, de Jesus e com o desejo de ser abraçado. (…)

As palavras do “bom ladrão” são um maravilhoso modelo de arrependimento, uma catequese concentrada para aprender a pedir perdão a Jesus. Primeiro, ele dirige-se ao seu companheiro: «Não tens nenhum temor de Deus, tu que foste condenado à mesma pena?». Assim destaca o ponto de partida do arrependimento: o temor de Deus, o respeito filial. Não o medo de Deus, mas esse respeito que se deve a Deus porque é Deus. O “bom ladrão” recorda a atitude fundamental que abre à confiança em Deus: a consciência da sua omnipotência e da sua infinita bondade. É este respeito confiante que ajuda a dar espaço a Deus e a confiar-se à sua misericórdia, mesmo na escuridão mais profunda. (…)

O “bom ladrão” dirige-se por fim diretamente a Jesus, invocando a sua ajuda: «Jesus, recorda-te de mim quando entrares no teu Reino». Chama-o pelo nome, «Jesus», com confiança, e assim confessa o que esse nome indica: «o Senhor salva». Aquele homem pede a Jesus que se recorde dele. Quanta ternura nesta expressão, quanta humanidade. É a necessidade do ser humano de não ser abandonado, que Deus lhe esteja sempre próximo. Deste modo um condenado à morte torna-se modelo do cristão que se confia a Jesus. É profundo, isto: um condenado à morte é modelo do cristão que se confia a Jesus e também modelo da Igreja que na liturgia tantas vezes invoca o Senhor, dizendo: «Recorda-te… Recorda-te…».

Enquanto o “bom ladrão” fala no futuro - «quando entrares no teu Reino», a resposta de Jesus diz «hoje estarás comigo no Paraíso». Na hora da cruz, a salvação de Cristo atinge o seu auge; e a sua promessa ao “bom ladrão” revela o cumprimento da sua missão: salvar os pecadores.

No início do seu ministério, na sinagoga de Nazaré, Jesus tinha proclamado «a libertação aos prisioneiros»; em Jericó, na casa do pecador público Zaqueu, tinha declarado que «o Filho do homem veio para procurar e salvar o que estava perdido». Na cruz, o último ato confirma a realização deste desígnio salvífico. Do início ao fim Ele revelou-se Misericórdia, incarnação definitiva e irrepetível do amor do Pai. Jesus é verdadeiramente o rosto da misericórdia do Pai. O “bom ladrão” chamou-o pelo nome, Jesus, uma oração breve que todos nós podemos fazer muitas vezes ao longo do dia. Jesus. Jesus. Jesus.

 




 

Papa Francisco
Audiencia geral, Praça de S. Pedro, Vaticano, 28.9.2016
Trad. / edição: Rui Jorge Martins
Publicado em 28.09.2016 | Atualizado em 30.04.2023

 

 
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Um condenado à morte torna-se modelo do cristão que se confia a Jesus. É profundo, isto: um condenado à morte é modelo do cristão que se confia a Jesus e também modelo da Igreja que na liturgia tantas vezes invoca o Senhor, dizendo: «Recorda-te… Recorda-te…»
No início do seu ministério, na sinagoga de Nazaré, Jesus tinha proclamado «a libertação aos prisioneiros»; em Jericó, na casa do pecador público Zaqueu, tinha declarado que «o Filho do homem veio para procurar e salvar o que estava perdido». Na cruz, o último ato confirma a realização deste desígnio salvífico. Do início ao fim Ele revelou-se Misericórdia, incarnação definitiva e irrepetível do amor do Pai
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