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Trindade: O maior dos mistérios explica a origem de tudo

O mistério da Trindade é, certamente, o maior mistério cristão.

Contudo, não é um mistério frente ao qual se deva apenas adorar e calar. Ele remete-nos, antes, para aquela realidade na qual tudo tem a sua origem e da qual também deriva toda a explicação do mistério da nossa vida.

Durante os primeiros séculos da Igreja, baseando-se no que diz a Escritura - ou seja, que «Deus criou o homem à sua imagem e semelhança» (Gn 1,26) -, procurava-se no ser estático do homem e na sua interioridade alguma luz de inteligência do mistério divino. Assim nasceu a proposta de Santo Agostinho de considerar o intelecto do homem, do qual derivam o conceito e a palavra, como uma imagem de algo que, embora sendo tríplice, também fosse um.

Não temos nada a dizer sobre tais tentativas. Contudo, parece-me que os esforços dos teólogos de hoje são mais penetrantes, visto que partem de Jesus e do seu sacrifício pascal para entrar no íntimo de Deus. Jesus viveu toda a sua vida e a sua morte como dedicação, e com amor. Um amor que quer que o outro seja, mesmo à custa da própria vida, e que se sacrifica voluntariamente pelo outro.

Como não havemos de pensar que tudo isso tem a sua raiz no Deus-Trindade, concebido, portanto, não no seu caráter estático, mas como dom contínuo, como fogo devorador, como dedicação incondicional, para que também a outra pessoa seja divina. Jesus, na cruz, que dá a sua vida por nós, não é, portanto, uma pura contingência histórica, mas uma necessidade divina de amor. A própria Cruz está enraizada no mistério da Trindade.

Que significa isto para a imagem do homem? É o que exprime, de modo conciso, a expressão: «O homem encontra-se a si próprio no dom de si.» Corresponde à doutrina de Santo Inácio de Loiola sobre o abandono do próprio interesse e da vantagem pessoal; voltamos a encontrá-lo, de um modo ou de outro, nas doutrinas dos santos sobre a mortificação e a renúncia. É disso, por fim, que deriva a palavra do Evangelho: «Vai, vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois vem e segue-me» (Mt 19,21).

Há, portanto, uma misteriosa correspondência entre o ser íntimo de Deus, que é puro dom e vontade de dar lugar ao outro, e tudo aquilo que aqui na Terra se pode dizer sobre a caridade como plenitude da lei. Por isso, quanto mais penetramos no pensamento de Deus, mais conhece­mos o do homem e vice-versa, numa alegre reciprocidade que terá o seu cumprimento na vida eterna.

 

Card. Carlo Maria Martini
In Tomados de assombro, ed. Paulinas
15.06.14

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ImagemA Trindade na Glória (det.)
Ticiano (1552-1554)

 

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